Lançado como uma das salvações para a educação brasileira, as escolas cívico-militares podem despertar o interesse de prefeituras e governos estaduais para tentar melhorar o ensino. O principal objetivo dessa nova modalidade, que segundo o governo federal, autor do projeto, deve ser implantada em 216 escolas de Ensino Básico até 2023, é pautar o aprendizado das crianças pela disciplina e o respeito ao professor. Militares da reserva poderão ser contratados para atuar nas escolas, mas, a priori, eles não estarão nas salas de aula, mas sim, no setor administrativo e na função de fortalecer "valores humanos, éticos e morais".
No Alto Tietê, duas cidades mostraram interesse nesse novo modelo - Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos - mas, em um primeiro momento, o projeto parece levantar mais questões do que respostas para melhorar o ensino dos primeiros anos.
Ainda não ficou claro como será o conteúdo dessas escolas, uma vez que a maior mudança deve ocorrer no setor administrativo. Se as alterações estacionarem apenas em locais onde não há contato com o aluno na hora do aprendizado, é provável que pouca coisa mude. Os estudantes continuarão a aprender pouco, mas de modo disciplinado.
Outro fator que chama a atenção é quanto à liberdade dos professores e estudantes. A escola, mesmo aquelas onde a função principal é ensinar a ler e escrever, é o local onde os primeiros debates, a formação de caráter e capacidade de questionamento das crianças são moldados e estimulados. Tirar essa pluralidade dos bancos escolares em nome de uma ideologia, seja ela qual for, não deve ocorrer. A sala de aula é um espaço sagrado e, como tal, deve ser utilizado para estimular o pensamento crítico desde criança, ou como diz o ditado, não ensinar apenas o aluno a ler, mas a entender o que está lendo.
O projeto pode até funcionar para aqueles que desejam um tipo de ensino mais direcionado, mas o que não pode ocorrer é impor esse modelo de escola para todos como algo único, como quer o governo, já que um dos princípios de uma boa educação é estimular as diferenças.