Até parece coisa daquele portal que faz brincadeiras com as notícias do dia a dia. Veja só esta manchete: em meio a um surto de sarampo e com previsão de mais casos de febre amarela agora no verão, o governo federal pretende cortar gastos justo na compra e distribuição de vacinas em 2020. Ou seja, em vez de aumentar os investimentos e estudos científicos para descoberta de novos tratamentos para doenças, bem como ampliar a verba para aquisição de mais doses, reforçar campanhas - principalmente no Alto Tietê - e conscientizar as pessoas, o governo está fazendo o contrário.
Ainda não está nada certo, já que esta ideia mirabolante precisa passar pelo Congresso. É certo que o país precisa, imediatamente, estancar despesas, mas, seria realmente viável incluir a distribuição de vacinas neste pacote?
Recentemente, uma pesquisa feita pela Wellcome Global Monitor, em 140 países, mostrou que os brasileiros acreditam na importância da imunização, pelo menos na infância. Entre as mil pessoas entrevistadas no país, 97% afirmaram "concordar fortemente" ou "concordar" com a importância de que as crianças sejam vacinadas.
Com o corte, o Ministério da Saúde pretende economizar R$ 393 milhões (uma cifra até que considerável). Sendo assim, o total a ser gasto com aquisição e distribuição de imunobiológicos para a prevenção e controle de doenças, em 2020, será de R$ 4,9 bilhões. Para se ter uma ideia, este montante - destinado à Saúde - é 7% menor do que foi previsto para este ano: R$ 5,3 bilhões.
Questionado, o governo assegura que não faltarão recursos para aquisição de vacinas. Dá para confiar? E se surgirem novos surtos?
Talvez seria mais prudente agilizar as demandas internas do que reduzir verba de vacina. É necessário que sejam consumadas as reformas que o país tanto aguarda: tributária, orçamentária, econômica e política. Fomentar a entrada de bancos privados nos mercados de crédito; reduzir impostos, regalias e mordomias. É preciso arregaçar as mangas, fazer a roda girar e não, simplesmente, meter a tesoura no dinheiro da vacina.
Este é um exemplo daquilo que chamam de "economia burra".