O debate sobre as profundas contradições da sociedade capitalista é muito antigo. Ele tem pelo menos três séculos. Por mais que o sistema seja praticamente hegemônico no mundo, as mazelas sociais continuam se reproduzindo.
Estudo da ONG britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015 ,demonstrou que a riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial era equivalente à riqueza dos 99% restantes.
A ONG indica ainda que a riqueza pertencente ao 1% mais rico tem aumentado desde 2009, invertendo uma tendência de queda entre 2000 e 2009. Outro dado que o estudo informa é que enquanto hoje temos 62 pessoas controlando riqueza equivalente aos 50% mais pobres, em 2010 eram 388 pessoas.
No Brasil, o processo de concentração de riqueza é particularmente preocupante. Os cortes de gastos impactam negativamente uma série de políticas públicas e indicam o aprofundamento das desigualdades.
Antes que alguém diga que isso é conversa de gente de esquerda, vale a pena recuperar algumas falas do economista Armínio Fraga. Ele e outros economistas estão revendo uma série de posições ortodoxas sobre política macroeconômica, defendendo mais investimentos públicos.
No programa Central Globo News, Armínio disse que "diminuir a desigualdade deveria ser a prioridade e que a desigualdade impede o crescimento".
Ter melhor distribuição de renda e riqueza melhoraria a capacidade de consumo e criaria um ambiente mais favorável para um desenvolvimento econômico sustentável.
Ele admitiu ter adotado a tese depois de ler relatórios recentes com números do Brasil comparados aos de outros países e constatar que o nosso é campeão na modalidade. Diz ainda que "sem diminuir a desigualdade não há como crescer. E a desigualdade sequer está na pauta do governo".
E gente, o Armínio Fraga nunca foi de esquerda, muito pelo contrário.