Ser poeta não é modo de escrever, é conceder saída altaneira, ao ser! Poesia não é escritura: é endereço! Lá onde se vai buscar: vigor, ardor, pela senda do amor.
Receio de não se enternecer, com a nuvem que borda de cor, a serenidade e a candura, do amanhecer. Por isso quem lê poesia, também, é poeta. Para mim o poeta não é essa ousada militância chamada relações públicas. Todo poeta de alcance e convívio é relações íntimas, dele com seu leitor.
Não é o leitor que descobre o poeta, o poeta é que descobre o leitor, na medida em que pela poesia, revela-se a si mesmo, sob a sina de lírico e abrangente encontro. Duma algazarra onírica em que rimas em uníssono celebram com a alma, como se proviessem de única e sábia origem.
Ao se lançar ao mar do verso não existe adversidade! Há uma longa imersão no que se quer criar. Versar: viagem de fora para dentro! As outras viagens, bem, as de dentro para fora, excitam o cérebro e por colocar todos sob a quarentena da razão, não se recomendam.
Creditar lirismo, só, a viagens feitas de fora para dentro. O tema é sempre o porto de partida, independentemente do meio de navegação. Melhor se for um pretexto para enaltecer o ousar. Ou de nos olhos, brilhantes de curiosidade do leitor, poder-se mirar. E surfar como quem surfa amadamente, o objeto de seu amar, sem se identificar. Não há porque, de estrofes vadias não se unir à pantomima, de tal matrimônio, sem celebrante, nem altar!
Ao contrário das demais funções operativas, não há influências. Sob o signo da poesia há confluências. Poeta impertinente: só passa a gostar de quem se parece com a gente! Pela poesia, até indigente. Nem que seja mesmo sob o teto da epopéia, insolente. Como se o ato de cantar estivesse na mesma trajetória de levar ao chorar. Chorar o quanto se perde, por perder um leitor que agora teimou em rimar, sem ainda, se ater ao concerto dos que com ele querem no repertório de tudo, a fragância de uma plêiade de almas despertas, poder desfrutar. Lágrimas de lúdica versão, para o desconforto lavar de qualquer coração!