Numa época em que todos ousam se definir, para não me sentir marginalizado, estou me definindo como poeta! Para que, não tenho a menor idéia! Poeta, e ainda por cima, amador!
Da linha de: não existe pão sagrado que sacie a fome de significado. Verso estapafúrdio, não é mesmo? Este significado eu o tenho procurado interiorizar, na grande maioria dos envolvimentos familiares, sociais e profissionais, que vivencio.
Como poeta sou produto da casa de um empreiteiro, de uma mulher do lar, de um irmão e de três cunhados, amigos, avô e irmão Na minha rua, Sérgio Plaza, moram os Torquatos, os Boucault morando na rua Adelino Torquato e os Plazas, como não poderia deixar de ser, morando no edifício Izidoro Boucault o que fez de mim, não sei, se um ilustre forasteiro ou um sobrevivente, nesta tão querida cidade.
Toda história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes de presidentes crentes de que seu umbigo é melhor do que outro qualquer, ainda mais sob a tutela de safada e mensalônica estrela vermelha de cinco pontas. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas ornamentais e frutíferas e aves pelo canto sempre se fazendo presentes, nas ruas da cidade interiorana, nas casas lotéricas, no tradicional shopping, nos colégios, nas ruínas das relações sem conserto, nos namoros de esquina ao abrigo da névoa do desencontro.
Disso quis eu fazer a minha poesia, trabalhar as rimas mais afins e sonoras, dentro de um contexto em que todo coração sensível com ela se identificasse. E pelo lado do Divino a Alma se revelasse! Dessa matéria chã, humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada: porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar, se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não têm voz, que nos encaram como se a esperança em nós, estivesse solenemente instalada, e ficasse à disposição de todos para o necessário equilíbrio, cujos vínculos da estrutura nos levassem só ao encontro.