A Vila Dignidade de Mogi das Cruzes, condomínio exclusivo para pessoas idosas em situação de vulnerabilidade social, localizado na Vila Cecília, no distrito de Braz Cubas, completa em setembro dez anos. O espaço, construído pelo governo do Estado e mantido e gerenciado pela Prefeitura, conta com 22 casas e áreas comuns, e desde 2022 faz parte do catálogo “Red de Buenas Prácticas”, um projeto da Fundación Pilares, da Espanha. 

A secretária municipal de Assistência Social, Daniela Mariano, acompanhou desde o início a trajetória da Vila. “Eu estava no dia da inauguração e foi uma cerimônia linda. O prefeito da época, Marco Bertaiolli, enxergava o projeto como um avanço nas políticas públicas para idosos. Hoje vemos o quanto é necessário ampliá-lo”, afirma, destacando que há o projeto para pleitear ao Estado um novo condomínio. 

A gestão da Vila é municipal e os moradores são selecionados a partir de critérios de vulnerabilidade identificados pelos equipamentos públicos da rede socioassistencial, como o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS).

Os moradores, de acordo com Daniela, têm autonomia, mas também uma rede de apoio. “Celebramos aniversários, promovemos oficinas e mantemos parcerias com voluntários. A coordenadora atual é a Vera Freitas, que tem um carinho enorme por todos. Eles se sentem acolhidos, pertencentes àquele lugar e isso aumenta sua qualidade de vida”, destacou.

Para a secretária, a convivência e o sentimento de pertencimento são pontos centrais, e alguns dos moradores participam ativamente de conselhos municipais e atividades externas. Ela destacou ainda novas parcerias como a que está sendo feita com a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e deve ampliar as ações na Vila, incluindo atividades com alunos de cursos da instituição de ensino, com o desenvolvimento de projetos de fisioterapia, psicologia e pedagogia voltados à cognição e mobilidade dos moradores, além da instalação de placas solares que estavam inoperantes.

Reconhecimento e reforma  

O reconhecimento como boas práticas pela fundação espanhola veio a partir do artigo escrito por Camilla Tacelli, que foi gestora da Vila e hoje é secretária adjunta de Assistência Social de Mogi, Ela detalha a experiência da unidade no trabalho publicado no livro “Morar 60 Mais”, organizado por Inês Rioto, Àurea Soares e Edgar Borsoi Viana. 

O local também passou por uma reforma em 2023, com serviços como a troca de pisos e revestimentos, pintura interna e externa, reparos nos sistemas hidráulicos e elétricos. 

Pessoas idosas 

Em Mogi, a estimativa é que quase 15% da população tenha 60 anos ou mais, representando cerca de 70 mil pessoas. Daniela afirma que o envelhecimento populacional exige uma reestruturação das políticas públicas: “Estamos lidando com idosos com mente ativa, mas corpo com limitações. Precisamos criar ações que respeitem e acolham essa fase da vida”

A gestão da prefeita Mara Bertaiolli criou a Secretaria da Longevidade, que tem à frente o vereador Mauro Yokoyama. Daniela destacou que a pasta nasceu com o propósito de articular políticas públicas voltadas ao envelhecimento ativo e à qualidade de vida na terceira idade, somando forças com as secretarias de Saúde, Assistência Social e Esporte e Lazer.

Além disso, o município lançou recentemente o programa Bolsa Cuidados, um projeto que oferece suporte financeiro a cuidadores de idosos fragilizados. “Muitas vezes é um filho, um vizinho ou um amigo que cuida. Com a Bolsa Cuidados, conseguimos manter o idoso no ambiente familiar com dignidade”, explicou a secretária. 

Além da Vila, Mogi também tem outras iniciativas voltadas para pessoas idosas, como o Centro Dia e instituições de longa permanência (ILPIs) e serviços como o Pró-Hiper, voltados para socialização e prática de exercício. Daniela reforça que a pandemia de Covid-19 mostrou o valor da saúde mental e do convívio. “Muitos idosos vivem sozinhos e esses serviços fazem toda a diferença. Um idoso que chega calado, meses depois está sorrindo e dançando. Isso é envelhecer com qualidade”, concluiu.

Estado 

O programa Vila Dignidade em 2019 foi reformulado pelo governo do Estado e passou a se chamar Vida Longa. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), pelo Vila Dignidade, criado em 2009, foram entregues 18 empreendimentos, incluindo o de Mogi, que totalizaram 356 unidades até 2019. 

Com a instituição do Vida Longa, o programa entregou 550 unidades, em 21 equipamentos. Destes, 16, com 432 moradias, foram entregues somente do início de 2023 até o início de maio com investimento de R$ 82 milhões. No Estado, ainda há outras 278 unidades sendo construídas em 11 cidades, com investimento estadual de R$ 52 milhões, além de um empreendimento em Olímpia, com 28 unidade. 

“Para garantir dignidade e conforto, o condomínio é projetado em áreas horizontais, o que facilita a locomoção dos moradores. As unidades individuais são entregues mobiliadas e com itens de segurança, como barras de apoio, pias e louças em altura adequada, portas e corredores mais largos, interruptores em quantidade e altura ideais, rampas e pisos antiderrapantes”, destacou a CDHU em nota. 

Além disso, a CDHU informou que “são implementados espaços comuns com equipamentos para estimular o bem-estar, a interação e o sentimento de comunidade entre os moradores, como hortas verticais, churrasqueira para refeições coletivas externas, salas de convivência e academias ao ar livre”.