Há poucos quilômetros do centro de Mogi das Cruzes, está situado um pedaço significativo da Mata Atlântica em meio ao caos do centro urbano. O Parque Natural Municipal Francisco Afonso de Melo - Chiquinho Veríssimo, localizado na Serra do Itapeti, em Mogi, é hoje uma reserva natural amparada pela lei de preservação. Mais de 300 espécies de aves e mais 45 de mamíferos habitam na área. Dos mamíferos, 13 espécies correm o risco de extinção. Atualmente o parque só recebe visitas monitoradas.
Mas nem sempre o Chiquinho Veríssimo foi assim. Durante a década de 1940 ele era uma propriedade do próprio Francisco Afonso de Melo, em que tinha nascentes de água. Abastecia a cidade, porém com o crescimento da população deixou de ser suficiente e o Rio Tietê passou a fazer esse papel. Já nos ano 1971, o parque foi cedido a prefeitura e se tornou o único ponto de lazer do município e de toda a região. Naquela época nos finais de semana cerca de 16 mil pessoas visitavam o parque que contava com dois lagos artificiais, teleférico e pedalinho. Com o decorrer do tempo houve a degradação do meio ambiente e o parque acabou fechando.
Ontem, o Mogi News acompanhou a visita monitorada no parque. Durante a trilha é possível apreciar logo no começo, belas borboletas azuis, conhecidas como Capitão do Mato, graciosas bromélias e orquídeas, esbeltos palmitos Jussara que correm risco de extinção, lago artificial, bica d'água, exóticos sapos Pingo de Ouro endêmicos da região, assim como o sagui da serra escuro e assustadoras cobras jararacas, tudo isso ao som de cigarras falantes e árvores grandiosas. Antes de sair para a trilha, os monitores dão uma palestra em que contam a história do parque e fazem comparação de como era a fauna e flora no passado com hoje.
Depois de fechado, o parque passou a ser cuidado por um grupo das universidades e em 2008 foi reaberto oferecendo visitas monitoradas. De acordo com José Mariano Vicco de Oliveira, monitor do parque, a visita monitorada serve para conscientizar as pessoas a respeitarem o meio ambiente. "Orientamos as pessoas durante a visita sobre a importância de determinada espécie de ave, mamífero e árvore. Para que elas se conscientizem e vejam a natureza com outro olhar. E também para mostrar a riqueza natural que temos na cidade", explicou. Oliveira destaca ainda que a Serra do Itapeti é importante para o município. "Na época da crise hídrica, Mogi foi uma das poucas cidades que não teve racionamento de água. Isso se deve a Mata Atlântica que apresenta as nascentes preservadas", completou.
O percurso feito em mata fechada, com algumas áreas íngremes, leva em média 45 minutos. Grupos de visitação podem ser organizados, para isso é necessário ligar na prefeitura e agendar uma data. Ou então, o Chiquinho Veríssimo é aberto duas vezes ao mês para os munícipes em geral. O evento costuma ser divulgado nos veículos de comunicação e no site da prefeitura.
*Texto supervisionado pelo editor.