O empenho em pesquisar a história de Mogi das Cruzes por meio das atas, documentações coloniais, cartografias e fotografias, fez de Isaac Grinberg (1922-2000) um dos principais - se não o principal - historiadores do município. Seu trabalho permitiu com que a cidade se autoafirmasse como bandeirante e, assim, incorporasse esses símbolos à vida cotidiana.
Além disso, sua obra é ponto de partida para a nova geração. O historiador, professor e mestrando em Memórias do Regime Militar Brasileiro, o mogiano Rodrigo Basílio, é um dos exemplos de pesquisadores que fazem essa "troca de bastão" e que se utilizam do material coletado pelo renomado historiador como modelo para seus alunos e para buscar entender detalhes históricos pouco explorados nas obras de Grinberg. "Li o livro "Viajantes Ilustres de Mogi das Cruzes", escrito por Grinberg, para preparar uma aula aos meus alunos e também utilizo as fotografias do acervo dele que mostram as transformações da cidade", afirmou Basílio, que vê o trabalho de Grinberg como uma referência que deve ter continuidade. "É dever da nova geração realizar pesquisas focadas em outros grupos sociais do município que não fazem parte do contexto dos bandeirantes, como os jezuítas, que viveram em Mogi; e os acampamentos quilombolas. Hoje, temos que ter novas preocupações históricas que não existiam no tempo dele (Grinberg) e, o trabalho que ele realizou, é um ótimo ponto de partida", completou.
Durante os anos de pesquisa, Grinberg propôs o que é Mogi das Cruzes dentro da história do Brasil. "A obra dele não fala exclusivamente de Mogi", afirma Basílio. "Ele sempre relatou fatos históricos da cidade, mas dentro do processo de colonização brasileira, da Mogi província, do Estado de São Paulo e do país, de uma forma geral. Isso nos possibilita pensar, enquanto mogianos, o que é fazer parte de São Paulo e desse projeto que se chama Brasil", explica.
Em sua narrativa, Grinberg dá a dimensão da relevância histórica de Mogi das Cruzes, uma vez que vários mogianos participaram de grandes eventos marcantes, como a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a luta Constitucionalista de 1932. Andando pela cidade é possível refletir sobre a história do Brasil colonial. Com este olhar crítico, é inevitável que Isaac Grinberg venha à mente dos mais observadores.
*Texto supervisionado pelo editor.