A culinária japonesa chegou ao Brasil por meio dos imigrantes orientais que vieram para o país trabalhar nas lavouras, no início do século XX. Mogi das Cruzes, que hoje comemora 459 anos, é a segunda cidade que mais apresenta imigrantes japoneses no território nacional. De acordo com o historiador Mário Sérgio de Moraes, em seu livro "História do Centenário da Imigração Japonesa em Mogi das Cruzes", a primeira família japonesa a se instalar na cidade foi a Suzuki, com Shiguetoshi Suzuki e sua esposa Fujie Suzuki, no bairro do Cocuera, em julho de 1919. Esses e os demais imigrantes que vieram ao Brasil mantêm, até hoje, as tradições gastronômicas de suas culturas.
No início, os brasileiros estranharam os pratos preparados pelos nipônicos, principalmente por conta do peixe cru e pela utilização do hashi em vez de talheres. Mas, foi a partir da década de 1990 que o hábito de consumir a culinária da "Terra do Sol Nascente" se popularizou no Brasil, muito por conta da busca por uma alimentação mais saudável, que se tornou prioridade para os brasileiros nas últimas décadas.
Uma pesquisa realizada pela Associação dos Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP), mostra que em 2013 a capital paulista tinha 600 restaurantes japoneses, contra 500 churrascarias. Até 2017, o Estado de São Paulo já contava com três mil restaurantes e o faturamento daquele ano no país com a culinária japonesa foi de R$ 19 bilhões. Outro dado que mostra o alto consumo é que diariamente são feitos aproximadamente 400 mil sushis na cidade paulistana.
Aproveitando o crescimento desse segmento no país, na década de 1990, a cozinheira Mieko Ossugui Sintani, de 80 anos, filha de japonesa nascida na região de Hiroshima, junto com seu marido, Pedro Sintani (82), abriram, há 21 anos, em Mogi das Cruzes, o "Mieko's", localizado na rua Basílio Batalha, 445, Vila Vitória. Antes de se aventurar no ramo culinário, Mieko trabalhava como costureira. Depois de passar uma temporada no Japão com o marido e os dois filhos, retornou ao Brasil e abriu uma lanchonete. Em três anos, o negócio fez enorme sucesso, entretanto, Mieko teve que encerrar as atividades, já que o espaço físico era alugado. Foi quando, observando a boa oportunidade da expansão da culinária oriental no Brasil, decidiu abrir um restaurante especializado em comida japonesa. De acordo com Mieko, foi o terceiro restaurante de gastronomia oriental na cidade, e suas expectativas na época eram de que a atividade pudesse durar cerca de cinco anos.
Para seu filho, Flávio Sintani, os pais foram corajosos em iniciar um negócio naquela época. "E foi uma tacada certa, pois, mesmo sem pesquisa de mercado, o local funciona até hoje com boa clientela", disse Flávio Sintani.
*Texto supervisionado pelo editor.