O Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) aceitou o pedido do Sindeclubes, sindicato que representa funcionários dos clubes do Rio, e suspendeu a partida entre Palmeiras e Flamengo, inicialmente marcada para hoje, às 16 horas, no Allianz Parque, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. A CBF terá que encontrar uma nova data.
O Sindeclubes havia ajuizado uma ação civil pública anteontem pedindo o adiamento do confronto até que os funcionários do Flamengo que foram infectados pela Covid-19 pudessem cumprir todo o período de quarentena. Há mais de 30 casos de coronavírus, entre jogadores, membros da comissão técnica e outros profissionais do departamento de futebol.
Na ação civil pública, à qual o Estadão teve acesso, a entidade alega que 21 profissionais estão escalados pelo clube para o jogo e enxerga "inegáveis riscos sanitários e médicos" na realização da partida porque vários desses colabores estiveram no Equador, onde houve um surto de contaminação de Covid-19 na delegação do Flamengo. Só no elenco, 16 atletas contraíram a doença.
No despacho, o juiz Filipe Olmo afirmou entender que o sindicato, com o pedido de liminar, queria "a manutenção da saúde e integridade física dos empregados, jogadores e do restante do elenco", contrariando, assim, a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que havia negado o pedido de suspender o jogo.
"Em razão dos eventuais resultados falso negativos e da possibilidade de haver infectados dentro do período de incubação, não há garantia de que os empregados saudáveis não terão contato com outros empregados que possam estar infectados", diz a decisão do magistrado.
"Manter a partida implicaria risco demasiado para a saúde de jogadores das duas equipes, comissão técnica e demais empregados Além disso, há risco de contaminação dos familiares, quando do retorno para casa", acrescenta Olmo. Em caso de descumprimento da medida, a Justiça do Trabalho estipulou multa de R$ 2 milhões, valor que, se for pago, será revertido para instituições de saúde no combate à Covid-19.
O Sindicato dos Empregados em Clubes, Federações e Confederações Esportivas e Atletas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (Sindeclubes) tem como presidente José Pinheiro dos Santos, que trabalha no Flamengo. Ele é funcionário do departamento de segurança do clube. O pedido para que a entidade fosse à Justiça tentar adiar o jogo teria partido de empregados do rubro-negro, preocupados com a saúde.
Palmeiras
O clube carioca também queria adiar a partida, mas a proposta foi contrariada publicamente pelo time alviverde e derrubada tanto pela própria CBF como pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Até a recente decisão, o Palmeiras manteve a postura firme de que o jogo deveriaser realizado. "O Palmeiras é contra o adiamento da partida do próximo domingo. O protocolo adotado para a competição contempla situações desse tipo. Não há, portanto, razão para que o jogo não aconteça", disse o presidente do clube, Maurício Galiotte.
Os atletas também se posicionaram sobre o tema. O elenco palmeirense divulgou carta em que rebateu o plano do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp) de acionar a Justiça para adiar a partida por questões de saúde. "Entendemos que a testagem prévia à partida garantirá a segurança necessária. Portanto, não sentimos, de maneira alguma, qualquer ameaça à nossa saúde", diz o texto.
Desde 2016 os ânimos entre os dois clubes se acirraram bastante. No começo, a disputa pelo título do Brasileirão pesou para esse clima.