O documentário "A Ladainha de Faustino - Notações do Brasil Colônia" estreia no próximo dia 24, no Casarão do Carmo (rua José Bonifácio, 516 - Largo do Carmo), em Mogi das Cruzes. O filme retrata a vida do padre mogiano Faustino do Prado Xavier e suas obras musicais descobertas em manuscritos do período colonial. Segundo o produtor cultural Déo Miranda, diretor do projeto, esses são considerados os registros de música mais antigos do Brasil. A exibição gratuita, às 19h30, será seguida de uma roda de conversa com integrantes da produção. A produção também deve ser exibida em outros países no próximo ano.
Miranda explica que o documentário reúne relatos de artistas, músicos e estudiosos sobre a vida do padre e suas músicas reveladas nos manuscritos, encontrados na capa de um livro por volta 1984. Os papéis de 1744 guardavam sete obras, das quais duas (“Ladainha de Nossa Senhora” e “Matais de Incêndios”) são atribuídas a Xavier pelos pesquisadores.
De acordo com o diretor, a proposta do filme — financiado por meio da Lei Paulo Gustavo — foi apresentar pessoas que tiveram contato com os escritos na época em que foram encontrados. Além disso, o documentário também traz aspectos sociais de Mogi por volta de 1730, período em que foram produzidos. Depois da exibição na cidade, a próxima será no Cine LT3, no bairro Perdizes, em São Paulo. A data está sendo definida.
A expectativa é de que o documentário ultrapasse as barreiras do território nacional. “Já recebi contatos de estudiosos da Espanha, da França e da Áustria que se mostraram interessados tanto em acessar o filme, quanto em fazer novos estudos e parcerias. Há confirmações sobre exibição do filme em Marselha e em Paris em 2026”, contou Déo.
Triologia
O diretor explica que a produção encerra uma triologia formada pelo livro “As Solfas de Mogi das Cruzes – Edição musical e apontamentos históricos” (2022), pelo álbum “Música do Brasil Colônia: As Solfas de Mogi das Cruzes” (2024) e, agora, o documentário. As três produções foram feitas a partir dos manuscritos, catalogados entre 1984 e 1985 pelo historiador e musicólogo Régis Duprat como o “Grupo de Mogi das Cruzes” — nome dado ao conjunto das partituras.
“Ele [o filme] vem nesse formato de documentário justamente pra gente fazer essa cronologia da história desses manuscritos e colocando nesse grau de importância por se tratar de um material que remonta a história da música no Brasil. Então, nós temos, em Mogi das Cruzes, a música inaugural do país que é considerado o mais musical do mundo”, acrescentou o produtor.
Faustino do Prado Xavier
Faustino do Prado Xavier foi um compositor, músico e padre nascido em 1708, em Mogi das Cruzes, na época ainda chamada de Vila Sant' Anna das Cruzes de Moji. Além da contribuição musical, Déo destaca sua atuação sacerdotal como mestre de capela da Ordem do Carmo de Mogi e cônego da Igreja da Sé, onde fundou a irmandade "Nossa Senhora das Dores", existente até hoje. Ele morreu em 1800, aos 92 anos.
*Texto supervisionado pelo editor