O Alto Tietê apresentou 23 surtos da doença Mão-Pé-Boca no primeiro trimestre deste ano, sendo que em todo o decorrer do ano passado foram 13 e, nos primeiros três meses, apenas três. Somente em Mogi das Cruzes os casos aumentaram em pouco mais de 10 vezes de janeiro a março deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, saltando de dois para 21, o que representa 91,30% das ocorrências da região. Em todo o decorrer do ano passado, o município havia identificado apenas quatro surtos.
Segundo informou a Prefeitura por meio da Secretaria de Saúde, no entanto, a cidade já sinaliza uma queda no contágio da doença, que costuma se manifestar em crianças com menos de cinco anos.
Na região, somente mais duas cidades tiveram ocorrências. Suzano, que apresentou um surto em cada um dos três primeiros meses de cada ano, sendo que até o final do ano passado haviam sido identificados quatro casos, e Poá, que também contou com uma notificação até março deste ano. Em 2022, o município contabilizou cinco surtos, nenhum no primeiro trimestre. As prefeituras de Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba identificaram apenas casos individuais. Guararema e Arujá não tiveram ocorrências.
Estado
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, o aumento é generalizado, sendo que o índice de surtos do vírus em São Paulo subiu em 149%, passando de 157 para 391 notificações. O número também é maior do que o registrado em todo o ano passado no Estado, quando foram contabilizados 387 casos.
A doença
A doutora Helmar Abreu Rocha Verlangieri, infectologista infantil do Hospital Darcy Vargas, destaca que apesar do aumento de surtos, que é causado pelo vírus Coxsackie, a situação não é preocupante e é sazonal, tendo uma maior proliferação justamente durante o outono.
"Tem anos em que os surtos são maiores e ocorrem com maior frequência, o que é uma característica de vírus. Eles têm ciclos em que os surtos são mais intensos em um ano, às vezes passam dois ou três anos e retornam mais fortes, mas não é preocupante", afirmou a médica.
Helmar apontou que o Mão-Pé-Boca pode ser adquirido em qualquer faixa-etária, mas com índices maiores em crianças menores de cinco anos e, sobretudo, entre os seis meses e três anos de idade, quando é comum frequentarem creches.
Prevenção e tratamento
Tendo em vista que o vírus é altamente contagioso e se propaga por meio de gotículas de saliva, secreções de vias aéreas e orais, além do contato com lesões, a infectologista destaca que a prevenção se dá por meio de medidas básicas, como lavar as mãos e evitar aglomerações, principalmente das crianças. Ela ainda ressalta a necessidade de frequente higiene pessoal e de ambientes, porque o vírus persiste no local por semanas, perpetuando o surto.
Os principais sintomas são febre alta; lesões na boca, que acometem a língua, a faringe e a mucosa, e lesões nas palmas das mãos e plantas dos pés. Segundo a infectologista, a doença dura entre cinco a sete dias, período em que a criança deve ser afastada de aglomerações. A ida ao médico é fundamental, segundo Helmar: "É importante para que se afaste outras causas como estomatite, ou outra doença semelhante que ter esses sintomas no início".
*Texto supervisionado pelo editor