Ocupar um cargo público é uma responsabilidade que vai além das competências técnicas, mas também demanda bom senso e respeito não apenas ao dinheiro dos contribuintes, mas também à importância do cargo. Senso de humor e anedotas à parte, é preciso tratar a coisa pública com seriedade no tempo certo, principalmente hoje e agora.
A pandemia da Covid-19 ainda não acabou e o patético e deplorável "show" que o chefe do Executivo federal deu nesta semana diante das câmeras ao usar de palavras de baixo calão ao antagonizar com o governo de São Paulo sobre o passaporte vacinal não é apenas uma tentativa desesperada de se mostrar "no controle" para sua base eleitoral. Ele suscita dúvidas se é apenas falta de conhecimento sobre o que é uma pandemia ou se é uma agenda premeditada. Ou, em bom português: quando o presidente usa a linguagem de um pátio de escola numa briga com o governador, não dá para saber se é apenas burrice ou falta de caráter.
Mas, felizmente, o restante dos gestores públicos no país superou a infância e tenta se preparar para outra tempestade que chega ao horizonte, com a nova cepa do vírus Sars-Cov-2 que pode vir ao arrasto de milhares de turistas não-vacinados vindos de fora do país.
O Alto Tietê, que ao longo deste ano sofreu e perdeu mais de 10 mil vidas pelo vírus, por estar entre três corredores - da via Dutra, da Baixada Santista e com o aeroporto de Guarulhos - mais uma vez necessita ter a seriedade do investimento em medidas que garantam a segurança de seus cidadãos - a manutenção do uso de máscaras e as campanhas de reforço na vacinação contra a Covid-19 não são para cumprir tabela, mas para ter a seriedade que não se encontra no lugar de onde ela deveria ser mais aparente.
Partidarismos e ideologias à parte, que passam a aflorar a partir da virada de ano com as eleições majoritárias, é necessário que os gestores públicos não apenas honrem suas populações com o cumprimento da etiqueta e da liturgia do cargo, mas também tenham a seriedade de encarar este novo desafio com a maturidade e o respeito necessários para chegar à vitória. Não uma vitória política, ou de ideias, mas uma vitória da vida.