Independentemente de posições políticas, princípios ideológicos ou crenças em sistemas econômicos, é fundamental que se reconheça o impacto da aplicação dos programas assistenciais federais junto à população em situação de vulnerabilidade social em todo o país, principalmente em grandes centros urbanos como a Grande São Paulo, onde por diversas vezes registros fotográficos e audiovisuais demonstraram nitidamente o impacto visual da desigualdade entre condomínios de luxo e favelas separadas por um literal e figurativo muro de arame farpado eletrificado.

As recentes notícias do noticiário federal sobre a atribulada e ainda incerta mudança entre os programas "Bolsa Família" e "Auxílio Brasil" colocam não apenas as famílias em compasso de espera para descobrir o que será de seu futuro, mas também agentes públicos dedicados à Assistência e Desenvolvimento Social em todo o país, principalmente nas cidades da nossa região.

Nos últimos cinco anos, e com um destaque principal no período da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), vimos como os programas assistenciais foram a última linha que nos separou do completo colapso social e econômico. E as imagens de fome e desespero, tão típicas em reportagens e documentários criados na década de 1980, voltam a nos assombrar diariamente nos telejornais, nas redes sociais e em flagrantes da vida diária.

O enfraquecimento das políticas públicas gera outro efeito colateral, que é a sobrecarga na esfera municipal da Assistência Social no referenciamento e atendimento às famílias. E, pela falta de recursos financeiros, depende na grande parte dos casos de ações pontuais e, em caso raro, a aplicação de recursos como os realizados pela Prefeitura de Mogi das Cruzes em 2021 com o Auxílio Mogiano.

O cada vez mais frágil pacto federativo, seja por inépcia ou por má-fé, coloca sobre os ombros do município os ônus de atender a população cada vez mais abandonada pelas altas esferas do poder. Caberá aos assistentes sociais, agentes comunitários, técnicos e outros homens e mulheres da linha de frente garantir que o verdadeiro Brasil, que não cumprimenta ministros em supermercados, tenha o que comer além de rejeitos e indignação.