No final de abril, a Prefeitura de Mogi das Cruzes divulgou o plano de retomada das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas do município, seguindo o Plano São Paulo, do governo estadual. No entanto, profissionais da rede estadual de ensino mostraram-se desconfortáveis em retornar às aulas durante a pandemia do coronavírus (Covid-19).
Um profissional da Educação, que não quis se identificar por temer represálias, informou que os protocolos sanitários de distanciamento social e uso de máscara nem sempre são respeitados dentro dos muros das escolas estaduais. "Durante o período de recuperação, em janeiro deste ano, mesmo com um público menor nas salas, tivemos problemas para garantir o uso das máscaras. É preciso reforçar ainda mais a importância do uso delas durante o horário de aulas", afirmou o profissional.
Um dos pontos é a falta de detalhamentos sobre como tratar de alguns assuntos com os alunos, ou mesmo o amparo à saúde mental. "Houve casos de alunos que, durante as aulas virtuais, mencionaram perder parentes e amigos para a Covid-19. E não há uma definição sobre como tratar o assunto. A saúde mental acaba virando um esforço particular de cada escola", explicou.
Outra preocupação entre os profissionais é a baixa cobertura vacinal para os professores que estão abaixo da faixa etária de 47 anos - faixa que foi incluída na vacinação prioritária contra a Covid-19, como explicou uma professora da rede municipal que preferiu manter o anonimato.
A vereadora Inês Paz (Psol), integrante da Comissão Permanente de Educação da Câmara, confirmou o receio de profissionais com a ordem de voltar às salas de aula. "No dia 18 de abril, a comissão esteve em reunião com o comando interino da Pasta, que se colocou contra a volta, e fomos surpreendidos com a decisão da Prefeitura. Acreditamos que ainda é cedo para voltar com as aulas", afirmou a vereadora.
O secretário de Educação de Mogi, André Stabile, informou que a Pasta lançará um Guia Prático de Recomendações sobre a retomada das atividades, além de propor a criação de Brigadas da Pandemia nas unidades escolares e do empenho em incluir os professores na vacinação prioritária. "Não haverá por parte da Prefeitura dificuldade em revisar as decisões diante de qualquer identificação no aumento de casos: respeitamos a ciência e não hesitaremos em proteger a vida das pessoas", concluiu. A Pasta informou que denúncias serão recebidas pelo e-mail [[email protected]], que são encaminhadas à Vigilância Sanitária.
A Secretaria de Estado da Educação informou que trabalha com todas as medidas para a retomada segura, e que dentro de cada escola estadual existe um comitê local para monitorar o cumprimento dos protocolos. O Estado também reforçou o telefone (0800) 770-0012 para denúncias de violações. "Sobre a vacinação de profissionais, é para todos os profissionais independente da rede, sem critérios para a rede estadual. É destinado para quem exerce atividades constantes com os alunos e que são fundamentais ao funcionamento da unidade", reiterou Kate Abreu, secretária executiva da Comissão Médica da Secretaria da Educação.