O ministro da Educação, Milton Ribeiro, tentou se justificar no último domingo em relação a uma entrevista que deu ao jornal Estado de S. Paulo em que fez declarações supostamente homofóbicas. Durante viagem a Londrina, no Paraná, ele afirmou que tem suas "próprias convicções" sobre o tema, como pastor, mas é "ministro de todos".
O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar se o ministro cometeu o crime de homofobia
O pedido foi feito na sexta-feira passada e pretende apurar declarações do ministro ao jornal "O Estado de S. Paulo". No documento, assinado pelo vice-procurador-geral, a Procuradoria Geral da República (PGR) relata que no dia 24 de setembro Ribeiro "proferiu manifestações depreciativas a pessoas com orientação sexual homoafetiva".
Na entrevista, o ministro da Educação foi questionado sobre educação sexual na sala de aula. Disse que era um tema importante para evitar gravidez precoce, mas que não era necessário discutir questões de gênero e homossexualidade. "Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas faltam atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios."
Segundo a PGR, em tese, a afirmação pode caracterizar uma infração penal ao induzir ou incitar a discriminação ou preconceito. Além de pedir a abertura de inquérito ao Supremo, a PGR sugeriu - como primeira medida - o depoimento do ministro à Polícia Federal. O relator do caso no STF é o ministro Dias Toffoli.
Na noite de sábado, o ministro divulgou uma nota de esclarecimento:
"Quanto à reportagem veiculada no jornal O Estado de São Paulo, venho esclarecer que minha fala foi distorcida. Jamais pretendi discriminar ou incentivar qualquer forma de discriminação em razão de orientação sexual. Ademais, trechos da fala, retirados de seu contexto e com omissões parciais, passaram a ser reproduzidos nas mídias sociais, agravando interpretação equivocada e modificando o real sentido daquilo que se pretendeu expressar.
Por fim, nesta oportunidade, diante de meus valores cristãos, registro minhas sinceras desculpas àqueles que se sentiram ofendidos e afirmo meu respeito a todo cidadão brasileiro, qual seja sua orientação sexual, posição política ou religiosa. Naturalmente eu tenho minha liberdade também de opinião e ali eu estava me referindo não propriamente aos adolescentes, mas às crianças. Como pastor eu tenho minhas próprias convicções, mas, como ministro de Estado, eu sou ministro de todos".