Michael Della Torre: Temos que trabalhar em todas as frentes para enxugar os gastos públicos. Na nossa proposta, isso implica em diminuir a quantidade de secretarias. Minha ideia é transformar as Pastas de Gestão, Planejamento e de Governo em duas secretarias. Outro projeto é transformar a Secretaria de Cultura em um Fundação Cultural. Teríamos muito mais alcance e autonomia para captar recursos junto à iniciativa privada. Precisamos diminuir os gastos. Esse valor que teremos a mais será remanejado para área da Saúde e Assistência Social, com programas para atender objetivos específicos e atender as famílias de baixa renda da cidade. É necessário também um mapeamento mais claro dessas famílias de extrema pobreza. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 30 mil famílias vivem na cidade com uma renda per capta muito baixa. Precismos intensificar a entrega de cestas básicas e a capacitação profissional. Temos uma visão de que o assistencialismo precisa ser provisório, temos que trabalhar nas causas para dar uma assistência curta e propiciar que aquela família saia daquela condição, e isso passa pelo desemprego.
MN: A Educação de Mogi das Cruzes também precisará de iniciativas inéditas da administração municipal devido à interrupção das aulas neste ano letivo. Quais são os seus projetos para este setor e como melhorar a qualidade do ensino na rede municipal?
MDT: Para a questão da Educação, temos projetos para ampliar o máximo possível a quantidade de escolas em tempo integral. A ideia é de que em dois anos tenhamos 70% da rede municipal já nesse sistema integral. Temos estudos técnicos que viabilizam isso. Isso inclui a escola técnica municipal, com cursos de diversas áreas; cursos técnicos, tecnológicos, voltados para a indústria, e outras áreas. Temos, de um lado, o desemprego alto e, do outro, uma série de vagas que não são preenchidas por falta de qualificação. As empresas reclamam por não ter essa mão de obra qualificada. A melhor forma de fomentar isso é a escola em tempo integral e com uma grade muito melhor elaborada, com aulas de Educação Financeira, por exemplo. Aulas também voltadas ao esporte, inclusive com o nosso projeto Mogi Olímpica, para identificar os talentos dos alunos.
MN: Já na área da Segurança, a guarda municipal vem fazendo um trabalho que, originalmente, não é de responsabilidade dela, como combate o crime organizado, atuando em aglomerações, pancadões, e até no tráfico de drogas. Caso eleito, quais funções a guarda municipal assumirá em Mogi das Cruzes? Quais os projetos para a área de Segurança pública?
MDT: De imediato é o aumento no efetivo. Temos estudos mostrando que, pelo número de habitantes em Mogi, tínhamos que ter no mínimo 1.200 homens na guarda, e hoje, com 270 guardas, não suprimos a demanda de serviço. De imediato seria no mínimo aumentar em duas vezes esse efetivo, para cerca de 700 homens, com treinamento adequado, cursos para eles atuarem na rua e na forma de abordagem às pessoas. A ideia é também a criação de bases comunitárias funcionando 24 horas. Mogi tem que ser 24 horas, esse conceito está no nosso plano de governo, porque hoje chega meia-noite não tem Saúde e Segurança e não se escolhe o horário que o cidadão vai precisar de uma ronda ou outro serviço.
MN: Como fomentar a geração de emprego em Mogi das Cruzes para dar mais oportunidades aos mogianos? Quais seus projetos para estimular a abertura de novas vagas na cidade?
MDT: Uma das ideias é capacitar os mogianos para preencher as vagas que eventualmente não preenchemos. Outra ideia é oferecer incentivos fiscais para as empresas, como a cessão de área e desconto nos ISS (Imposto Sobre Serviços), o que vai atrair empresas Mogi. Além disso, temos que ter um convênio entre a Escola Municipal e as empresas, para o aluno já sair empregado, com estágio, ou como jovem aprendiz.
MN: No seu ponto de vista, o que precisa melhorar em Mogi das Cruzes e o que deve ser mantido?
MDT: Tudo tem que ser melhorado. Tem algumas coisas que já são boas, mas mesmo assim, acho que tem coisa que temos muito a melhorar. Alguns pontos precisam de melhorias radicais, como a política econômica da cidade, a geração de emprego, Saúde e Educação. O que eu critico muito é a falta de planejamento a médio e longo prazo. Até por questões eleitoreiras, tudo é feito com muito imediatismo, sendo que hoje há dados que permitem a gente saber o crescimento da cidade nos próximos anos. Esse planejamento precisa ser feito agora e não daqui há dez anos, pois lá já estaremos vivendo o caos.
MN: Como o senhor analisa esse escândalo de suposta corrupção na Câmara Municipal envolvendo seis vereadores? O senhor acredita que o caso envolvendo parlamentares da base aliada do governo terá interferência no resultado da eleição para prefeito?
MDT: Eu não gosto desse termo “base aliada”, pois todos os vereadores de Mogi são da base aliada do prefeito, os 23 vereadores. Eu como mogiano fico envergonhado em ver nossa cidade nesse tipo de notícia, fico contente que a polícia tenha chegado a estes indícios e, sem dúvida, vai influenciar na eleição. A população está cada vez mais atenta, ela tem o anseio de mudança, está cansada desse tipo de coisa. E a resposta será nas urnas.
MN: Por que decidiu concorrer neste pleito, pela primeira vez, e como você se enxerga nesta disputa eleitoral em relação aos outros candidatos? Qual que é seu diferencial?
MDT: Criamos um grupo, a princípio apartidário, que está insatisfeito com a forma com que a administração pública lidava com a cidade, sem alternância de poder, sendo comandada nos últimos 30 anos pelo mesmo grupo. Decidimos que não tinha quem apoiar nesta eleição e decidimos lançar o candidato próprio. Optamos pelo PTC, um partido que está dentro das nossas ideologias. O grupo decidiu que eu seria o melhor nome e eu aceitei essa incumbência. A candidatura não foi criada no meu nome, e sim no grupo. Me enxergo como a única figura capaz e competente para assumir a prefeitura nesse momento, a única opção. A partir do momento que o eleitor me conhecer, ele vai optar pelo meu nome, vendo que não há outro plano de governo à altura do nosso, e que sou a melhor opção.
MN: Espaço aberto para suas considerações finais.
MDT: Peço para que o eleitor seja consciente, conheça os candidatos que ele tem a disposição, os partidos destes candidatos, a relação entre o candidato e o partido, o preparo técnico do candidato e que ele analise as ideologias de quem vai eleger.