A pandemia da Covid-19 reforçou a importância de determinados segmentos da sociedade. Na Saúde, o melhor exemplo, são os médicos, enfermeiros e outros profissionais da área, que trabalham diretamente no combate à doença. No efeito dominó causado pelo coronavírus, outros serviço se tornaram ainda mais primordiais, neste caso, o de entrega de alimentos em domicílio está entre os principais destaques.
A imagem, antes desgastada dos entregadores, foi substituída pela de alguém que, em meio à necessidade momentânea e a falta de opção causada pelas medidas restritivas do comércio, se arriscam ao contágio para levar alimentos às famílias que não puderam sair de casa por um longo período.
Com a popularização do serviço, o número de entregadores quintuplicou na região, chegando a cinco mil profissionais que utilizam motocicletas e bicicletas para realizar a entrega.
Segundo integrantes da categoria, em relação a compra de itens de proteção individual durante a pandemia, o auxílio das empresas não foi completo, ou seja, os entregadores precisaram tirar dinheiro do bolso para adquirir itens como máscaras, óculos de proteção, álcool em gel, dentre outros. Por outro lado, o grupo admite que o protocolo adotado pelas empresas em relação a casos suspeitos e confirmados dá a segurança para continuar atuando no ramo.
O entregador e vice-presidente da Associação de Motoboyos de Mogi das Cruzes e região, Luiz Fernando Branco, explicou que a exposição da categoria ao novo coronavírus é grande. "Quando alguém é contaminado, a empresa dá um amparo legal. A partir do momento em que o motoboy apresenta o teste positivo, o aplicativo afasta o profissional da atividade, dá amparo médico, uma quantia em dinheiro para ele se manter e só volta a trabalhar quando obtém alta médica", explicou Branco. 
O vice-presidente da associação também explicou que vive da renda angariada nas entregas, o que representa a realidade de uma parcela considerável da categoria. Há também um grupo que divide seus rendimentos entre as encomendas e empregos fixos.
É o caso do porteiro Carlos Eduardo Minas de Jesus, apelidado pelos companheiros de corridas como Zé Pequeno. Desde o ano passado, ele faz entregas em Mogi das Cruzes para completar a renda da casa. A rotina de Jesus é quase uma maratona. Ele trabalha 12 horas na portaria de um prédio em Mogi e, por volta das 19 horas, pega sua "bag" (mochila térmica de entregas) e sai pelas ruas fazendo entregas. Seu segundo expediente só termina por volta da meia-noite.
No outro dia, sem o compromisso com a portaria, Jesus deixa o aplicativo ligado para receber chamadas das 11 até as 16 horas, e depois das 18h30 até a meia-noite. "Apesar de eu ficar muito cansado, vale a pena", disse Jesus também tem críticas as empresas de delivery. "Uma delas, mesmo que de forma tardia, distribuiu kits de segurança sanitária. Mas, nem quando a gente sofre acidente durante uma corrida a empresa ajuda como deveria", lamentou Jesus.