O vereador Diego de Amorim Martins (MDB), o Diegão, denunciado no início do mês pelo Ministério Público (MP) por integrar um esquema de corrupção no Legislativo, disse ontem em entrevista ao Grupo Mogi News que se sente injustiçado por não ter tido a oportunidade de responder às acusações da Promotoria, que o dinheiro depositado em sua conta se tratava de empréstimos pessoais e manteve a candidatura para a reeleição neste ano.
O parlamentar concedeu ontem a primeira entrevista após a deflagração da Operação Legis Easy, no dia 4 de setembro. Segundo ele, o tempo em que permaneceu preso foi inicialmente de revolta, por estar preso sem ter cometido qualquer crime e que, depois, a revolta se transformou em compreensão "das coisas da vida" e da saudade da família e amigos.
"Sempre fui transparente na minha vida, nunca tive envolvimento com nada ilícito. De repente chegaram na minha casa, me levaram para a sede do MP me interrogaram e eu fui preso, sem direito nenhum de defesa", conta o vereador Diegão. "O empréstimo foi em março de 2018, o projeto do Plano Diretor foi votado em dezembro daquele ano. Além disso, quem que passa dinheiro de corrupção de uma conta pessoal para outra conta pessoal?", questionou o parlamentar sobre as movimentações financeiras apontadas pelo MP como compra de votos para aprovação de leis encomendadas.
Diegão também contou que, durante o período que ficou preso na Penitenciária II, em Tremembé, foi respeitado pelos agentes e pelos outros presos com quem dividiu cela apenas um dia. "É uma tortura psicológica muito grande. Falaram que rasparam meu cabelo, mas isso não é verdade, apenas o cortaram 'baixinho'", contou.
Afastamento
A Câmara Municipal oficializou na semana passada o afastamento e a suspensão das funções do cargo de vereador de Diegão, e dos parlamentares Mauro Araújo (MDB), Antonio Lino (PSD), Jean Lopes (PL) e Carlos Evaristo. O vereador Francisco Bezerra (PSB) - que cumpre prisão domiciliar - não precisou ser afastado.
Sobre seu futuro na política, Diegão afirma a candidatura está mantida e que acredita que há tempo para reverter esta situação. "Está nas mãos de Deus. Ele que vai conduzir minha vida", completou.
Denunciados
Outro vereador que falou com a Imprensa foi Lino. O parlamentar confirmou em entrevista coletiva realizada na última quinta-feira sua versão sobre os fatos. "O impacto na vida pública é grande", admitiu.
Na última segunda-feira, o vereador Carlos Evaristo também se manifestou e disse que houve uma conclusão interpretativa errada nas mensagens de texto entre os vereadores e que os depósitos realizados em sua conta decorreram de empréstimos pessoais, a fim de dar quitação a compromissos particulares.
"Parte destes depósitos, especialmente as do ano de 2019, referiam-se à venda de um automóvel, realizada entre mim e o vereador Mauro Araújo", disse em nota Carlos Evaristo.