Dias após a conclusão do inquérito e a apresentação da denúncia à Justiça, as defesas dos vereadores presos, suspeitos de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, começam a formular suas teses, que serão apresentadas em breve.
Visando celeridade no processo para que vereadores, empresários e assessores tenham a prisão preventiva revogada o quanto antes, advogados responsáveis pela defesa dos investigados deram início ao trabalho de compilação de argumentos, antes mesmo de terem sido notificados oficialmente pela Justiça. Após a notificação, se inicia o prazo de 15 dias para que as defesas se manifestem antes do juiz acatar ou não a denúncia da Promotoria.
Na última sexta-feira, a denúncia de corrupção contra seis vereadores, cinco empresários e um assessor da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes foi apresentada pelo Ministério Público (MP). Segundo a Promotoria, a organização criminosa integrada pelos 12 denunciados recebiam dinheiro indevido em razão da função pública que exerciam para favorecer interesses dos empresários.
O advogado Jonathas Palmeira, representante do vereador Mauro Araújo (MDB), apontado como articulador do esquema, disse que, tão logo formalmente for notificado, vai apresentar documentos que "desconstroem em absoluto" toda a narrativa apresentada pelo Ministério Público, já que "não existe o esquema de corrupção entre as empresas". "Se trata de empréstimos realizados entre eles, pautados em uma relação de confiança. Como empresário, Mauro também negociava imóveis e automóveis", afirmou Palmeira. "Assim como são empréstimos as transações feitas entre as empresas", completou.
No mesmo sentido de dar celeridade ao processo, o advogado Carlos Kauffmann, representando o vereador investigado Francisco Bezerra (PSB) e o empresário Pablo Bezerra, filho do parlamentar, informou que é de interesse da defesa demonstrar a verdade dos fatos o quanto antes. Segundo ele, a denúncia "unilateral" não se sustenta. "Se alega que a empresa de Pablo ( São Francisco Serviços Médicos Ltda) foi contratada para prestar serviço a outra empresa (Fundação ABC), colocando como se fosse algo emergencial, mas na verdade, a São Francisco já prestava serviço para a ABC há um longo tempo, há mais de um ano", argumentou Kauffmann. "Além disso, todas as transações entre as partes são operações de empréstimos, devidamente contabilizadas", explicou o advogado.
O advogado do vereador foragido Antonio Lino da Silva (PSD) disse à reportagem que a resposta "ocorrerá em breve", já que a defesa "tem urgência em demonstrar a inocência" do parlamentar. A defesa do parlamentar Diego de Amorim Martins (MDB) também confirmou que trabalha na defesa do cliente.
A reportagem entrou em contato com a defesa do vereador Carlos Evaristo (PSB), que preferiu não se pronunciar sobre o caso. Não foram contatadas as defesas do vereador Jean Lopes (PL), dos empresários Joel Leonel Zeferino, Carlos César Claudino de Araújo -irmão de Mauro Araújo - e Willian Casanova, Carla Salvino Bento, e do ex-assessor da Câmara, André Alvim de Matos Silva.