O segundo pescador suspeito de ter agredido o estudante mogiano Kauan Silva, 17 anos, que morreu horas depois do ocorrido, no último dia 15, prestou depoimento à Polícia Civil do Guarujá anteontem. Morador local, o suspeito de 35 anos contou à polícia que sua única participação na briga foi imobilizar o mogiano, como forma de reação à agressão que o jovem cometeu contra seu pai.
O depoimento vai ao encontro da narrativa contada pelo pai do suspeito, também pescador, de 60 anos. Em depoimento prestado na última sexta-feira, o idoso disse ter pedido a Kauan Silva que desmontasse a barraca em que estava, na Praia Branca, pois a prática não é permitida no local, principalmente durante a pandemia do coronavírus. Após ofensas por parte de Kauan, o pescador se dirigiu até a barraca, onde, segundo contou à polícia, foi xingado novamente e empurrado pelo jovem mogiano, o que acabou sendo o estopim para a briga.
No depoimento mais recente, o pescador de 35 anos conta que outros dois pescadores, que estavam com ele e seu pai, desferiram chutes em Kauan, enquanto ele apenas imobilizava o agredido. Em seu depoimento, o suspeito classifica o ato como briga generalizada.
O advogado de defesa dos pescadores, Anderson Real, encaminhou na tarde de ontem três vídeos, os quais Kauan anda por ruas do Guarujá, duas horas depois da briga. Segundo o defensor, o jovem mogiano estava drogado naquele momento em busca de uma pousada para se hospedar.
Overdose
A defesa dos pescadores levantou a possibilidade de que Kauan teria morrido de overdose, e não em decorrência da briga com os pescadores. "Há fortes indícios de overdose. A briga durou de dois a três minutos, e ele (Kauan) continuou na praia depois. A briga ocorreu às 7 horas e o horário de falecimento do rapaz foi 15 horas, já na pousada em que ele se hospedou", afirmou o advogado. A possibilidade ventilada pela defesa só poderá ser descartada ou comprovada com a finalização do laudo da autópsia de Kauan.
Em nota, a Secretaria do Estado de Segurança Pública (SSP) informou que os laudos estão em elaboração e, assim que finalizados, serão entregues para análise da autoridade responsável.
Segundo a esposa de Kauan, que presenciou a briga, o que se ocorreu foi um massacre. "Meu marido tinha 17 anos e os caras eram todos adultos. Um já foi batendo no meu marido, outro pegou ele por trás e o linchamento começou. Deram chutes na costela, na cabeça, na cara", relembrou.
Segundo nota da SSP, o caso segue em investigação pela Delegacia de Guarujá e outras pessoas serão ouvidas nos próximos dias.