Parentes de pacientes internados em hospitais estaduais instalados no Alto Tietê denunciam a falta de informações sobre o estado de saúde de seus familiares. Há relatos de ausência de esclarecimentos por semanas.
Sílvio de Abreu Fonseca Filho, 50 anos, foi internado no Hospital Estadual Luzia de Pinho Melo, em 30 de maio, devido à algumas bolhas profundas que surgiram em seus pés, associadas à diabetes, que sempre o acompanhou. Após ter alta e ter que retornar no dia 9 de julho à unidade com infecções, seu quadro piorou e Fonseca Filho teve que ter uma de suas pernas amputada. Para a família, se não bastasse a tristeza de ver um ente próximo nestas condições causadas pela doença, a escassez de informações só agravou a situação.
"A gente tinha muita dificuldade em saber como ele estava. Quando ele foi internado, ele passou o contato de um sobrinho dele e o hospital ficou de passar as informações. Só que as informações chegavam de 15 em 15 dias, mais ou menos e só chegavam quando eles ligavam, porque quando a gente tentava não dava certo, eles não passavam nada". Assim foi descrito o período de internação de Fonseca Filho, segundo seu cunhado, Darci Rodrigues Lemes, de 55 anos.
Nestas condições por cerca de 20 dias, o quadro de Fonseca Filho pirou e ele teve que ser transferido para uma unidade em Guarulhos. O motivo da transferência, no entanto, não ficou claro para a família. O Estado afirma que o paciente foi diagnosticado com Covid-19, informação desconhecida pela família, e que a transferência ao Hospital Geral de Guarulhos, referência para coronavírus na região, se deu por esse motivo. "A gente não sabe até agora o por quê ele foi transferido para Guarulhos", alegou o cunhado.
Na unidade mais próxima à capital, o problema da falta de informação, segundo a família, persistiu até o último 14, quando Fonseca Filho não resistiu a problemas cardíacos ligados a algum tipo de infecção e faleceu. "É muito complicado. A gente não tem acesso de visita, a gente até entende que é devido à Covid-19, mas a informação tem que ser passada. É muita correria no hospital e até levanta um pouco de desconfiança sobre as informações", registrou Lemes.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, diariamente são realizadas ligações referentes a todos os casos, preferencialmente no período da manhã e em mais de uma tentativa, em eventual dificuldade de contato. "No Hospital Luzia Pinho de Melo, no ato da internação, os familiares realizam o preenchimento do Termo de Responsabilidade no qual informam os dados para que a unidade retorne o contato e mantenha as atualizações sobre o quadro clínico dos familiares e representantes", disse em nota, explicando que o procedimento faz parte de um protocolo adotado pela Pasta para garantir a prevenção à Covid-19.
Sobre o caso citado na reportagem, a secretaria informou que ambos os hospitais informaram diariamente o quadro clínico com contatos com o próprio paciente, que estava lúcido, e também à família. Na unidade de Guarulhos, o paciente também recebeu toda assistência e seus familiares também foram orientados quanto aos protocolos assistenciais e seu quadro clínico, de acordo com o Estado.