Há cem dias, a já esperada chegada do coronavírus (Covid-19) no Alto Tietê se confirmou após a Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos informar que uma moradora estava infectada. Desde então, a rotina dos municípios foi alterada: comércios foram fechados, hospitais de campanha foram construídos, duras medidas de isolamento foram tomadas, mesmo assim as mortes em decorrência da Covid-19 dispararam.
O primeiro caso de vítima fatal tratava-se de uma mulher, de 33 anos, moradora da Vila Solar. Segundo as primeiras informações, posteriormente confirmadas pela Vigilância Epidemiológica do município, a paciente não teria viajado para fora do país, mas trabalhava em um hospital da capital e teve contato com pessoas infectadas pelo vírus.
Pouco antes disso, notificações de contaminados começavam a aparecer na região. Três mulheres residentes em Suzano e outra em Mogi das Cruzes com suspeitas de contrair a Covid-19 estiveram com um grupo de moradores do Alto Tietê em uma excursão pela Espanha e França, fato que chamou a atenção das vigilâncias epidemiológicas dos municípios, que trabalharam para identificar outros moradores da região que participaram da viagem pelos países europeus. Na oportunidade, esta seria a principal evidência de que o vírus já estaria presente no Alto Tietê.
Para evitar a propagação do vírus, o comércio foi fechado, em 24 de março. Inicialmente, poucas atividades, tidas como essências, poderiam manter o funcionamento presencial, sendo que os comércios de rua e os shoppings foram fechados. O prejuízo foi significativo para o setor, em torno de R$ 144 milhões, segundo Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes e Região (Sincomércio) que representa a categoria no Alto Tietê.
Para dar suporte no tratamento dos infectados que apresentaram piora no quadro, os hospitais da região receberam reforço dos respiradores, enquanto cinco unidades de campanha foram construídos - em Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Suzano, Ferraz e Poá.
A quantidade de leitos, tanto de alta complexidade e de enfermaria também foi elevada. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, nos últimos 90 dias, a administração municipal ampliou em mais de cinco vezes o número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Municipal, onde foi instalado o Centro de Referência para Coronavírus, passando de dez para 54 leitos destinados aos casos mais graves da doença. O atendimento especializado conta, ainda, com 200 leitos de enfermaria instalados no Hospital de Campanha para atendimento aos pacientes leves, moderados e em recuperação. O mesmo ocorreu com o Hospital Regional Doutor Osíris Florindo Coelho, em Ferraz, que recebeu dez respiradores do governo do Estado e pôde ampliar os leitos de UTI e o Santa Marcelina de Itaquá, que recebeu a mesma quantidade.