O Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp) confirmou que a situação dos profissionais da Saúde em Mogi das Cruzes e região, que prestam serviço pelo sistema de Pessoa Jurídica (PJ), ficou ainda mais difícil durante a pandemia do coronavírus.
Segundo Victor Dourado, representante da categoria, a situação na Região Metropolitana é a mesma que a registrada em todo o Estado, onde muitos destes profissionais, ora afastados por suspeita da doença e ora demitidos pela ociosidade em suas funções originais - especialmente as consultas e cirurgias eletivas - estão temerosos em perder sua renda, ou já estão financeiramente prejudicados, uma vez que o vínculo como empresa não prevê os mesmos direitos trabalhistas que os da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A reportagem questionou as Organizações Sociais (OS) que atuam em Mogi das Cruzes sobre o tema. A Fundação ABC, que administra o Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), afirmou que no caso de empresa (PJ) que fornece mão de obra na área médica, houve a suspensão de contratos em algumas áreas e o acréscimo em outras, especialmente para a Terapia Intensiva. Já o Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam), responsável por Unidades de Saúde da Família (USFs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs) 24 Horas e uma Unidade PACS no município, afirmou que não houve demissão ou remanejamento de profissionais da Saúde nas unidades sob a sua gestão em Mogi das Cruzes e que os profissionais que atuam nas unidades seguem atendendo normalmente casos de vacinação, pacientes crônicos, gestantes, crianças e pacientes que procuram espontaneamente as unidades.
"Somos contrários à 'Pjotização' do serviço médico, tentamos combater. A situação já estava assim, mas com a pandemia está agravada, os médicos estão a Deus-dará ", afirmou Dourado.
A questão da falta de vínculo e da facilidade na dispensa de profissionais faz com que outros problemas venham à tona. O sindicato denuncia que, uma vez que estes profissionais não possuem resguardo em suas funções, a maioria se sente intimidada para fazer denúncias sobre a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por exemplo. "Além disso, alguns profissionais que são de grupo de risco estão tendo de trabalhar independentemente de suas inseguranças, porque caso sejam afastados, ou peçam para ficar em casa, não terão direito a benefícios durante este período", denunciou.
O tema foi levado à Câmara de Mogi das Cruzes na última quarta-feira, durante encontro dos parlamentares com o secretário municipal de Saúde, Henrique Naufel. Na oportunidade, os parlamentares cobraram providências sobre o tema.
Enfermeiros
Outra categoria que vem se dedicando e muitas vezes é o primeiro contato médico com a população é a dos enfermeiros. No entanto, diferentemente do que ocorre com os médicos, poucos enfermeiros são contratados como PJ, o que concede um pouco mais de estabilidade para estes profissionais desempenharem suas funções.