"O medo da falência é maior do que a da fiscalização municipal". Essa foi a fala de Wellington Jordão de Carvalho, o Ton, proprietário de uma barbearia da Vila Amorim, em Suzano, que já planeja abrir o comércio durante a pandemia de Covid-19. Anteontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) incluiu as atividades de salões de beleza, barbearias e academias de esportes na lista de "serviços essenciais".
O decreto foi publicado em uma edição do Diário Oficial da União no fim da tarde, mas ainda cabe aos Estados e municípios acatarem ou não o novo decreto. Na tarde de ontem, alguns Estados já estavam se posicionando contra a liberação. O governo de São Paulo apontou que ainda avalia o decreto e a decisão deve ser divulgada hoje.
Mas, por enquanto, a decisão de reabrir os três tipos de comércio já cria expectativas para os proprietários dos segmentos, que estão há mais de dois meses fechados por conta do coronavírus. De acordo com Wellington, a opção de reabrir o comércio durante a pandemia não poderia esperar mais. "Nós ficamos muito tempo sem trabalhar, só que os prejuízos aparecem e não podemos ficar parados, por isso desde a semana passada já estamos abertos, com todas as medidas de segurança necessárias", garantiu.
O proprietário de uma barbearia de Mogi das Cruzes, em Braz Cubas, também passa pela mesma situação. Elton Carlos Costa Rodrigues, 30, está igualmente na expectativa do decreto ser acatado na região, para que ele consiga trabalhar seguindo as medidas de segurança e somente com agendamentos.
Os salões de beleza também aguardam a liberação. A proprietária de um estabelecimento na Vila Urupês, em Suzano, Nilda dos Santos Albuquerque, 53, diz que por enquanto não se sente bem em abrir a unidade. "Tenho um pouco de medo em reabrir o salão, se esse decreto tiver um respaldo da Saúde dizendo que é seguro, aí eu abro", afirmou.
No salão de Bernadete de Lourdes, 48, localizado na Vila da Prata, em Mogi, o atendimento já acontece desde o começo da pandemia, mas com certas restrições e medidas de higiene. "Eu já estava atendendo uma cliente por vez e distribuindo kits de higiene para continuar. Acredito que dessa forma dê para todos continuarem", justificou.
Já a situação das academias é um pouco diferente, pelo fato de ser um local com fluxo alto de pessoas e também de contato físico, mas segundo os proprietários, se houver atendimento limitado, instalação de termômetros para medir a temperatura dos alunos e funcionários, espaçamento entre aparelhagem e a obrigatoriedade de utilização de álcool em gel e máscaras, o estabelecimento pode voltar.
Segundo Cleber Gimenez Aguilar, 47, dono de uma academia em Braz Cubas, alguns estabelecimentos já estão se preparando para um possível retorno e, caso isso aconteça, o fluxo não será tão grande. "Eu acredito que 20% dos alunos devem voltar a frequentar, isso porque são pessoas que têm o treino no estilo de vida. Já o restante, aparece gradativamente", disse.
*Texto supervisionado pelo editor.