A determinação do governo estadual em não flexibilizar as medidas de quarentena na Grande São Paulo, que inclui Mogi das Cruzes e toda a região do Alto Tietê, causou indignação não só às autoridades políticas, como também aos donos dos comércios classificados como não essenciais.
Para eles, são incoerentes os critérios utilizados pelo governador João Doria (PSDB) para classificar a Região Metropolitana na faixa vermelha e prolongar a quarentena até o dia 15 de junho. Já o município de São Paulo, assim como Vale do Paraíba e outras regiões, já estão incluídas no "Plano de Retomada Consciente" do governo estadual, que começará a flexibilizar o comércio a partir do dia 1º de junho.
Contrários à decisão estadual, todos os prefeitos da região estão solicitando com urgência a revisão dos estudos, e pedem que a região do Alto Tietê tenha o comércio flexibilizado também a partir do próximo dia 1º.
O proprietário de uma hamburgueria em Mogi das Cruzes, Henrique Leite dos Santos, afirmou que a medida do Estado em querer manter a quarentena até o próximo dia 15 é injusta. "Para mim, os mogianos não seguiram à risca as normas da quarentena, mas ainda assim a taxa de ocupação dos leitos da capital é maior do que a da região. Até porque, a capital é o epicentro da doença", explicou o empreendedor, que mostrou dificuldade em manter seu estabelecimento fechado. "Tenho receio de falir e ser obrigado a fechar minha hamburgueria em definitivo", completou.
Classificado na faixa vermelha, o Alto Tietê continua impossibilitado de reabrir alguns comércios, como os escritórios, concessionárias, atividades imobiliárias e shoppings centers. Para a empresária que atua em Suzano, em uma loja de acessórios infantis, Juliana Santos, a decisão deveria valer para todo o Estado. "Estou bem preocupada em relação ao comércio. Achei que as medidas continuariam valendo para todo o Estado, mas não, vários locais poderão voltar a abrir os estabelecimentos", lamentou.
Em acordo com todas as determinações estaduais desde o começa da quarentena, as cidades do Alto Tietê cumpriram as regras impostas, mais um motivo que gerou espanto aos prefeitos e comerciantes. O empresário Renan Amorim de Souza, que administra uma hamburgueria em Guararema, contou que se preocupa com a perda do poder de compra dos clientes. "Mesmo dando continuidade às entregas por delivey, com a alta do desemprego as pessoas perdem o poder de consumo, o que pode afetar nas minhas demandas", disse.
Na tarde de ontem, o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PL) e o prefeito de Guararema e presidente do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), Adriano Leite, se reuniram em São Paulo com o secretário de Estado de Desenvolvimento, Marco Vinholi, para tentar adiantar a flexibilização da quarentena (leia mais na página 3).
*Texto supervisionado pelo editor.