A Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou ontem a primeira morte pelo coronavírus no país - de um homem de 62 anos, que tinha diabete e hipertensão e sem histórico de viagem ao exterior. Ele morreu anteontem após três dias internado em um hospital privado da capital paulista. O governo informou que o paciente não constava na lista oficial de casos confirmados e, segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, nem no balanço de registros suspeitos. O Estado admitiu ainda estudar modos de ampliar os centros de diagnóstico para mapear melhor o avanço da doença.
O resultado do teste só foi recebido após o óbito. Essa rede de hospitais teve mais quatro mortes em que há suspeita de infecção pelo coronavírus, agora sob investigação da secretaria. O governo não revelou a identidade da vítima. O óbito foi no Hospital Sancta Maggiore, no Paraíso, zona sul paulistana.
"A pandemia afetou, num primeiro momento, a rede privada. Isso já era esperado pelo perfil dos infectados. Não tem, neste momento, o número de pacientes graves porque estão em hospitais privados", disse o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência para Coronavírus de São Paulo. Ele explica que o ideal seria ampliar a realização de testes a todas as pessoas. No entanto, isso não é viável, justificou.
Sem exames em massa, medida recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e usada com sucesso por países como a Coreia do Sul, o governo de São Paulo não tem o número exato de pacientes em estado grave (com risco de morte) que estão internados no Estado neste momento. Há 162 casos confirmados - no Brasil, o total é de 291, em 16 Estados e no Distrito Federal. O total de suspeitas investigadas é de 8.819.
A estimativa das autoridades, baseada em pesquisas já publicadas sobre o coronavírus, é de que 8% dos pacientes infectados evoluem para estado grave, segundo Uip.
Até segunda-feira, o infectologista se mostrava contrário à ampliação dos exames, dizendo que a massificação de testes era "ideal", mas não "real". Ontem, ele disse que seu grupo de trabalho fará a recomendação ao governador João Doria (PSDB) para ampliação do centro de diagnóstico do Estado.
Uip disse que há "a missão de arquitetar essa possibilidade de ampliação dos centros de diagnóstico em todo o Estado" para, depois, buscar recursos para operá-lo. "Vamos aguardar a orientação do Ministério da Saúde, que é o órgão maior que deve fazer a política e disponibilizar recursos", afirmou.