O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se aproximou do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), e tem delegado ao dirigente empresarial papel estratégico na reestruturação da base de apoio ao Palácio do Planalto no Estado, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Além da ponte com empresários - segmento que, segundo as pesquisas, confere a melhor aprovação ao governo federal -, Skaf é visto como um potencial dirigente do Aliança pelo Brasil, partido que os bolsonaristas tentam criar. A ideia é que o presidente da Fiesp assuma o comando do diretório estadual da futura legenda e se cacife como possível candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2022.
O plano dos bolsonaristas também prevê que o apresentador José Luiz Datena seja candidato a prefeito da capital no ano que vem. As conversas com o jornalista estão avançadas e vêm sendo acompanhadas de perto pelo presidente da Fiesp. "Fizemos contato com Skaf e ele simpatiza com a proposta de criação da Aliança", disse ao Estado o advogado Luís Felipe Belmonte, já anunciado como vice-presidente do futuro partido. O presidente é o próprio Bolsonaro.
O movimento tem o respaldo da bancada bolsonarista na Câmara e o aval dos filhos do presidente, segundo aliados do Planalto. "Acho que qualquer coisa que Bolsonaro escolher nesse sentido a gente vai ficar muito contente. Confiamos no poder de julgamento do presidente", afirmou a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).
A ruptura com seu ex-partido, o PSL, fez Bolsonaro perder aliados em São Paulo, como a deputada federal Joice Hasselmann (mais informações na pág. A8), e seu filho, o também deputado Eduardo Bolsonaro, foi destituído da presidência do diretório paulista da legenda.
Empresários
O setor empresarial é hoje o que mais apoia o governo. Conforme uma sondagem divulgada anteontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 60% dos empresários consideram o governo "ótimo" ou "bom". Em outra pesquisa, encomendada pela entidade ao Ibope, os entrevistados aprovaram com altos índices a atual condução da política econômica do governo. Bolsonaro recebeu na quarta-feira o Grande Colar da Ordem do Mérito Industrial da CNI.
Skaf, que já liderou campanhas nacionais contra o aumento de impostos e apoiou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, ainda resiste a falar sobre sua eventual mudança de legenda. Ele, no entanto, tem dito que é um "incentivador da ideia" de criação da Aliança e acha importante que Bolsonaro tenha um partido. Politicamente, porém, o presidente da Fiesp está cada vez mais isolado no MDB, que se aproximou do governador João Doria (PSDB).
Em outubro, quando ainda vivia uma crise com o PSL, Bolsonaro se reuniu com Datena em São Paulo acompanhado de Skaf. O presidente divulgou nas redes sociais uma foto ao lado dos
dois.