Assim como o número de casamentos registrados em cartório vem caindo nos últimos anos, com projeção de continuar nesta tendência, as pessoas também estão oficializando a união com mais idade, motivadas principalmente pela maior participação da mulher no mercado de trabalho, como concluiu o professor e sociólogo Afonso Pola.
A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) - mesma fonte para a reportagem publicada na semana passada sobre o aumento no número de casamentos homoafetivos - revelou que em 1995, por exemplo, no Alto Tietê os homens se casavam com 27 anos em média e as mulheres com 24. Mais de duas décadas depois, o cenário é outro com os casamentos ocorrendo após os 30 anos - para o público masculino a média é de 34 anos e para as mulheres, 31.
O adiamento do casamento é notado nas cinco cidades que compõem o G5, grupo de municípios mais populosos da região (Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Suzano, Ferraz de Vasconcelos e Poá), assim como no Estado de São Paulo.
A tese do professor Pola se baseia na importância dada pelas mulheres, e a sociedade de forma geral, ao casamento, sendo que nos dias atuais a realização profissional, por exemplo, retém mais prioridade do que o matrimônio.
"A mudança de comportamento começa no final da década de 70, quando as mulheres começam a participar mais do mercado de trabalho. Antes as mulheres tinham papeis de educadoras e donas de casa, e acabavam se casando muito jovens", apontou Pola.
Divórcios aumentam
Ao contrário do número de casamentos registrados em cartório, que vem diminuindo no país, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a quantidade de pessoas que se divorciaram no Brasil apresentou aumento.
De acordo com levantamento feito pelo órgão, no G5 foram 3.285 separações oficializadas em 2016, número inferior às 3.938 registradas em 2017, o que representa um aumento de 19,8% na comparação entre os anos.
A quebra do estigma negativo que o divórcio possuía até um tempo atrás é um dos fatores que contribuem para o aumento desta situação, na visão do sociólogo e professor Pola. "Nos anos 80, o divórcio tinha um peso social muito grande, com uma conotação negativa. Hoje, é muito mais aceitável, a sociedade já não coloca tantos julgamentos", destacou.
Este fenômeno também é observado no território nacional, já que em 2016 foram 344.526 divórcios contra 373.216 no ano seguinte.