Ao longo dos 459 anos de existência, Mogi das Cruzes passou por intensas transformações econômicas, populacionais e principalmente culturais. Uma mistura de povos e etnias que criou várias "Mogis" dentro de uma única cidade.
As influências japonesas, por exemplo, estão presentes em diversos setores da sociedade, desde os costumes herdados, até o potencial agrícola. "Os primeiros imigrantes vieram especificamente para a zona rural, que era a vocação inicial deles, para trabalhar na lavoura. Hoje a agricultura nipo-brasileira continua sendo uma das mais predominantes", afirmou o vice-presidente da Associação Cultural de Mogi das Cruzes (Bunkyo), Roger Kayasima.
Outra colônia que acompanha a história da cidade desde seu surgimento é a dos italianos, tradicionais em Mogi e que possuem forte ligação com o comércio da região. Em 1966, a história da família Di Bello teve início pela figura de Vittório, nascido e criado na comuna de Pennapiedimonte, província italiana de Chieti. Os negócios da família, que começaram com uma pedreira, se diversificaram, e agora estão em várias frentes. "Nunca tive problema no Brasil, sempre me acolheram muito bem. Falo que sou brasileiro", afirmou Di Bello. Sobre a prosperidade nos negócios, o italiano disse que sempre teve muita ajuda dos mogianos, quando mudou para a cidade, o que o ajudou muito. "As pessoas me ajudaram muito, mesmo eu não sabendo falar o português eles tiveram calma comigo e isso foi muito importante", afirmou.
As guerras no Oriente Médio fortaleceram ainda mais outra colônia de destaque em Mogi: a árabe. Apesar da grande imigração registrada nas últimas décadas, a vinda de palestinos, egípcios e jordanos, por exemplo, é muito mais antiga. Faysa Douad, presidente da ONG Refúgio Brasil, nasceu na Jordânia em 1962, e aos 17 anos veio para Mogi. Seu marido Husei Arman, nascido na Palestina, já morava na cidade e foi o motivo de sua vinda. "No primeiro contato eu fiquei chocada, foi realmente um choque cultural, tanto que não queria ficar no Brasil", detalhou Faysa sobre os primeiros meses no Brasil. "Tinha certeza que não ia me adaptar", completou.
Passados 40 anos, Faysa enxerga a cultura brasileira completamente de outra forma, e se sente respeitada em Mogi. "O povo de Mogi teve mais informação e aos poucos foram sentindo a necessidade de se misturar mais. Hoje me sinto privilegiada de morar em Mogi". Sobre algum possível plano de deixar a cidade, Faysa foi enfática. "Aprendi a viver aqui e hoje não volto mais para a Jordânia".
Mogi está em constante mudanças e absorvendo costumes de outros povos que deixam na cidade um pouco de suas culturas.
*Texto supervisionado pelo editor.