O reitor e dono da Universidade Suzano (Unisuz) foi preso na manhã de ontem em São Paulo, em uma operação da Polícia Federal (PF), que visava desarticular um esquema de fornecimento fraudulento de vagas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para alunos de alto poder aquisitivo. Além de responsável da unidade suzanense, José Fernando Pinto da Costa, 63 anos, também é dono e reitor da Universidade Brasil, que estava sendo investigada há oito meses pela PF, na operação Vagatomia.
As investigações não afirmam que as fraudes também eram feitas na Unisuz, já que o centro das investigações foi a unidade de Fernandópolis, no interior do Estado. O filho do empresário também foi preso no Aeroporto de Guarulhos.
No início do ano, a PF recebeu informações que relatavam crimes e irregularidades que estariam ocorrendo no campus de um curso de medicina em Fernandópolis. Vagas para ingresso, transferência e financiamentos Fies para o curso de medicina estariam sendo negociados por até R$ 120 mil por aluno.
Estimativas iniciais da PF indicam que, nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões do Fies e do Programa Universidade Para Todos (Prouni) foram concedidos de forma fraudulenta. Cursos relacionados ao exame revalida e transferências do exterior para cursos de medicina no Brasil também estão sob investigação.
Segundo a PF, uma estrutura formada por funcionários e pessoas ligadas à universidade dava condições para que as fraudes fossem realizadas.
"Assessorias educacionais", com o apoio dos donos e toda a estrutura administrativa da universidade, negociaram centenas de vagas para alunos (muitos deles já identificados) que aceitaram pagar pelas fraudes a fim de serem matriculados no curso de medicina.
Entre estes alunos, que compraram suas vagas e financiamentos, existem filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiário do Fies, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal. Com a sistemática atual de inclusão de dados e aprovação do Fies pelas próprias universidades privadas (beneficiárias dos recursos que aprovam) a PF estima que milhares de alunos carentes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes.
Questionada pela reportagem, a Universidade Brasil afirmou que, por enquanto, não irá se posicionar sobre o assunto.
Vagatomia
O nome da operação Vagatomia foi utilizado em alusão ao termo "tomia" que significa "corte", comumente utilizado em palavras que denominam procedimentos cirúrgicos. Como os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e Fies, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento do Governo Federal sofriam com o corte das vagas disponíveis.
*Texto supervisionado pelo editor