O presidente norte-americano, Donald Trump, disse nesta terça-feira (30) que vai "esperar três ou quatro dias" pela resposta do Hamas ao seu plano de pôr fim à guerra na Faixa de Gaza. Trump apresentou um plano de 21 pontos nesta segunda-feira (29), na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que apoiou a proposta. O Hamas recebeu o plano na segunda-feira à noite, das mãos de intermediários, e ainda não reagiu oficialmente. "Vamos esperar uns três ou quatro dias", afirmou Trump.  "Todos os países árabes concordam, os países muçulmanos concordam, Israel concorda. Estamos apenas à espera do Hamas. E o Hamas aceitará ou não. E se não aceitar, acabará de forma muito triste", disse Trump.  Mais tarde, diante da maioria dos generais e almirantes norte-americanos, reunidos de forma invulgar em Quântico, na Virgínia, o presidente norte-americano ameaçou o Hamas com o "inferno". "Só falta uma assinatura, e eles vão se redimir no inferno se não assinarem. Espero que assinem para seu próprio bem e criem algo verdadeiramente grandioso", declarou Trump. Apelo de Guterres O apoio internacional ao plano do presidente norte-americano cresceu, apesar das críticas de alguns analistas, para quem ter deixado o grupo radical Hamas de fora de sua elaboração foi uma opção ruim. Ontem, o Catar – que tradicionalmente apoia as negociações com o Hamas – prometeu trabalhar conjuntamente com os EUA e Israel pela paz. O apoio dos países árabes ao plano pode significar um isolamento do grupo palestino. O enviado israelense à ONU Danny Danon repetiu as palavras de Netanyahu na Casa Branca e afirmou, nesta terça, que se o Hamas rejeitar o plano de Trump, Israel vai "terminar o trabalho" e trazer os reféns para casa "da forma mais fácil ou mais difícil". "A volta dos reféns não pode esperar. Este não é apenas um plano para trazê-los de volta. É também um plano para acabar com a tirania do terror desencadeada em 7 de outubro,” acrescentou Danny Danon, referindo-se ao ataque de 2023 que deu início ao violento contra-ataque israelense. O secretário-geral das Nações Unidas apelou a todas as partes para aceitarem o plano de Trump. "Agora é crucial que todas as partes se comprometam com este acordo e com sua implementação", acrescentou António Guterres, elogiando o plano e o "importante papel dos países árabes e muçulmanos" para concretizá-lo. Ceticismo em Gaza A proposta norte-americana prevê um cessar-fogo, a libertação em 72 horas dos reféns mantidos pelo Hamas, o desarmamento do movimento islâmico que governa Gaza desde 2007, a retirada gradual do exército israelense, o envio de uma força internacional e o estabelecimento de uma autoridade de transição. Segundo a proposta, quando todos os reféns forem libertados, Israel libertará 250 palestinos que cumprem penas de prisão perpétua e 1,7 mil habitantes de Gaza que foram detidos após o início da guerra. Enquanto os países ocidentais e árabes e a própria Autoridade Palestina manifestaram otimismo com a implementação do plano, prometendo colaborar com os EUA, os palestinos reagiram com ceticismo. Para eles, a ausência do Hamas das negociações e a exigência de que o grupo renuncie ao governo da Faixa de Gaza podem comprometê-lo. "Não é realista", disse um habitante de Gaza. Apesar de aguardar ainda pela resposta do Hamas, Donald Trump insistiu que merece o Prêmio Nobel da Paz pelos seus esforços. O contrário seria um "insulto" aos Estados Unidos, disse ele. "Vão dar o prêmio para alguém que não fez absolutamente nada", disse o presidente norte-americano. "Seria um grande insulto ao nosso país".  Proibida a reprodução deste conteúdo Relacionadas Gaza: plano de paz dos EUA prevê fim da guerra e retorno dos reféns