O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou ter aceitado o princípio de um Estado palestino em vídeo publicado hoje (30) nas redes sociais, após a apresentação do plano de paz para Gaza pelo presidente norte-americano, Donald Trump, nessa segunda-feira. No vídeo, ele respondeu a várias questões em hebraico sobre o plano de 20 pontos de Trump e negou categoricamente que tenha aceitado o reconhecimento da futura existência do Estado da Palestina. "De maneira nenhuma, não está escrito no acordo", disse Netanyahu, referindo-se à possível criação de um Estado palestino, acrescentando que “uma coisa ficou clara [durante as conversações com Trump]: vamos nos opor firmemente a um Estado palestino". Netanyahu afirmou ainda que aceitar a possibilidade de um Estado palestino “seria claramente uma enorme recompensa para o terrorismo e um perigo para o Estado de Israel". "Trump compreende isso e, claro, é algo que não aceitaremos", disse o primeiro-ministro. O acordo de paz para a Faixa de Gaza, apresentado por Trump, estipulou que, em última análise, "as condições poderão finalmente ser cumpridas para abrir caminho em direção à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado palestino". O premiê aproveitou a oportunidade para descrever sua recente visita aos Estados Unidos como "histórica”, afirmando que Israel "virou o jogo". "Em vez de o Hamas nos isolar, nós isolamos o Hamas", afirmou. "Quem imaginaria?", disse o primeiro-ministro, lembrando que Trump deixou claro que, se o Hamas não aceitar a proposta ou não se pronunciar sobre ela, apoiará a continuação da ofensiva israelense, algo que, segundo ele, significaria "concluir as operações militares" no enclave. "Agora, o mundo inteiro, incluindo o árabe e islâmico, está pressionando o Hamas para aceitar os termos que criamos com Trump a fim de garantir o regresso de todos os reféns, vivos e mortos, enquanto as Forças de Defesa de Israel (FDI) permanecem na maior parte da Faixa de Gaza", afirmou, depois de apoiar publicamente o plano de paz do presidente norte-americano na segunda-feira, na Casa Branca. "Disseram-nos que devíamos aceitar as condições do Hamas e as FDI deveriam se retirar. Entretanto, o Hamas pode se fortalecer e controlar a Faixa.  Não, não, isso não vai acontecer", acrescentou o premiê israelense. O texto do acordo proposto, divulgado pela Casa Branca, diz que "Israel não ocupará e nem anexará Gaza", acrescentando que as tropas israelenses sairão gradualmente, enquanto uma Força Internacional de Estabilização (FIS, na sigla em inglês) assume temporariamente o controle do território para garantir a segurança. "Na prática, as FDI entregarão progressivamente o território de Gaza que ocupam às FSI, em conformidade com um acordo a ser assinado com a autoridade de transição até se retirarem totalmente de Gaza, exceto por uma presença de segurança num perímetro que existirá até que Gaza esteja completamente segura de qualquer ressurgimento de uma ameaça terrorista", segundo o acordo. A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, lançada após os ataques do grupo islâmico Hamas em 7 de outubro de 2023, deixou mais de 66 mil mortos e mais de 168.300 feridos no enclave, de acordo com as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas. Os dados são considerados confiáveis pela Organização das Nações Unidas (ONU). *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Netanyahu pede desculpa ao Catar e promete "não atacar" o país de novo Delegações deixam cadeiras vazias durante discurso de Netanyahu na ONU Gaza: plano de paz dos EUA prevê fim da guerra e retorno dos reféns