A atriz Elke Maravilha morreu ontem, aos 71 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde o fim de junho para tratar uma úlcera e chegou a ser operada. Desde então, a atriz ficou em coma induzido na Casa de Saúde Pinheiro Machado, nas Laranjeiras, zona sul do Rio. No perfil de Elke na rede social Facebook, familiares confirmaram o falecimento da atriz: "Avisamos que nossa Elke já não está por aqui conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa. Que todos os deuses, que ela tanto amava, estejam com ela nessa viagem".
Carismática e bem-humorada, a atriz, modelo e apresentadora Elke Georgievna Grunnupp era russa, nascida na então Leningrado, hoje São Petersburgo, em 22 de fevereiro de 1945. Filha de um russo e de uma alemã, ela tinha seis anos quando sua família migrou para o Brasil, fugindo de perseguições políticas do stalinismo soviético. O casal e os três filhos, privados da cidadania russa, se estabeleceram em um sítio em Itabira (MG) e, mais tarde, em outra cidade mineira Jaguaruçu.
Naturalizada brasileira, Elke saiu de casa aos 20 anos para morar sozinha no Rio de Janeiro, onde arrumou emprego como secretária bilíngue, valendo-se de sua fluência em oito idiomas, muitos deles aprendidos no próprio ambiente familiar. Fluência que a levou a formar-se em Letras e a trabalhar como professora, tradutora e intérprete de línguas estrangeiras.
Começou a carreira de modelo no final da década de 1960, desfilando para o estilista Guilherme Guimarães. Trabalhou para outros estilistas e ficou famosa no mundo da moda, projetando uma imagem que simbolizava transgressão e liberação.
Na década de 1970, já havia iniciado carreira de atriz, no cinema, com o nome artístico que a consagrou, dado pelo jornalista Daniel Más, espanhol naturalizado brasileiro e colunista social de vários jornais cariocas. Em 1972, Elke Maravilha surge na televisão, como jurada do programa do "Velho Guerreiro" Abelardo Chacrinha Barbosa. Na televisão, foi também jurada do Show dos Calouros, de Sílvio Santos, apresentou o talk show "Elke", no SBT, além da novela "A Volta de Beto Rockfeller", na TV Tupi (1973), e da minissérie "Memórias de um Gigolô" (1986), na TV Globo, dentre outros papéis.
No cinema, foram 28 filmes, a começar por "Barão Otelo no Barato dos Bilhões"(1971), passando por títulos como "Xica da Silva" (1976), de Cacá Diegues; "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1981), do falecido diretor Hector Babenco, e até mesmo "Zuzu Angel", no qual aparece em participação especial.