Um nome pouco conhecido do grande público, mas, com um talento que atravessa gerações. Assim é a obra de Odmar Amaral Gurgel, o maestro Gaó, sempre presente na memória dos apaixonados pela música erudita. Nascido em Salto, no interior de São Paulo, trabalhou com grandes nomes como Carmem Miranda e Oscarito, nos anos 1930 e 1940; viveu por mais de 20 anos nos Estados Unidos, e nos anos 1970, se transferiu para Mogi das Cruzes, onde faleceu em 1992.
Para homenagear este importante nome da música nacional e relembrar seu trabalho, o grupo Gaó Bem Mogiano foi criado na rede social Facebook por Luiz Augusto Vianna do Rio, Jose Benedito Dias Lemos e Wilson Padovani, e mais tarde ganhou a adesão do pianista Carlos Eduardo Zappile Albertini, ex-aluno do maestro. A sugestão foi do saudoso Jaime Castilho.
As conversas avançaram e o grupo se reuniu, no ano passado, com o secretário Municipal de Cultura, Mateus Sartori. Uma das propostas era o CD que leva o nome do grupo e será lançado hoje, às 20h30, no Teatro Vasques com 19 composições, todas praticamente inéditas, do maestro levadas ao piano por Albertini e convidados.
A apresentação é gratuita e faz parte da programação do Festival de Inverno Serra do Itapety 2016. O Vasques fica na rua Dr. Corrêa, 515, largo do Carmo. No palco, o ex-aluno, que se tornou professor, contará com a participação de seus alunos Marcelo Henrique Silva, Érica Battani e Juliana Cardoso, além da soprano Verônica Gonçalves. Um vídeo contará a trajetória do maestro.
"Fui aluno dele por muitos anos, e quando ele faleceu seu nome foi esquecido. Eu sempre postava no Facebook seus trabalhos e fui guardando o material que eu tinha. Com o grupo Gaó Bem Mogiano, conversamos sobre a possibilidade de uma reedição da biografia escrita por Botyra Camorim Gatti ("Sonata a Quatro Movimentos"), e surgiu a ideia do projeto memória. Então, comecei a gravar", conta Albertini.
O trabalho foi gravado no Estúdio Municipal de Áudio e Música (Emam), inaugurado no ano passado, e segundo Sartori, faz parte de um programa permanente da secretaria, chamado Coleção Boigyana, voltada para o resgate da memória cultural, por meio de livros, fascículos e CDs.
"Gaó passou pela cidade e tem renome internacional. Tivemos a oportunidade com o Carlos Albertini, que foi aluno dele e tinha obras guardadas. Em um segundo momento, as partituras serão publicadas. Elas estão sendo editadas e corrigidas por um pianista para que outras pessoas possam aprender a tocar com o maestro", revela. A previsão é que o trabalho seja concluído até o início do próximo ano.
Reconhecimento
O projeto de resgate da obra do maestro conta com a autorização de seu filho, Henys Gurgel, que mora nos Estados Unidos. Em depoimento divulgado no grupo Gaó Bem Mogiano, ele afirma "meu pai era uma pessoa maravilhosa. Tenho certeza que Deus reservou um lugar especial para o maestro, lá no céu. Ele merece".
Albertini conta que descobriu novidades sobre o maestro em suas pesquisas para o CD, e viveu uma experiência interessante quando presenciou um jovem judeu tocando o tema da personagem Mônica, do cartunista Mauricio de Sousa, ao piano, uma criação de Gaó, assim como a trilha de outros personagens.