Falido e decadente, o casal Antenor e Amélia vive de favor, em sistema de rodízio, nas casas dos quatro filhos. Diante da iminente senilidade dos velhos, chega o momento em que os filhos terão que enfrentar um difícil dilema: internar ou não os pais num asilo. Este é o enredo do espetáculo "A Escada", de Jorge Andrade, com direção de Orias Elias, que será encenado amanhã, às 20 horas, no Teatro Vasques (rua Dr. Corrêa, 515, largo do Carmo), em Mogi. A entrada é gratuita, e a classificação 10 anos. Informações: 4798-6907.
Nesse trabalho, a Cia. de Teatro Encena, sediada em São Paulo, coloca em foco o conflito entre o velho e o novo, abordando preconceitos relativos a raça, idade, nível social e sexo. O tema é levado ao público a partir das relações entre pais e filhos, marido, e mulher e patrão e empregado, alternando-se momentos cômicos e de grande emoção.
A apresentação integra a programação do Festival de Inverno Serra do Itapety 2016, promovido ao longo deste mês, pela Secretaria Municipal de Cultura em Mogi. Claudio Bovo, Babi Soares, Diogenes Peixoto, Jacintho Camarotto, Maira Galvão, Orias Elias, Paloma Oliveira, Sabinna dy Colluci, Sylvia Malena, Vera Barretto, Walter Lins e Zulhie Vieira formam o elenco.
O tema de "A Escada", extraordinariamente atual, revela o eterno conflito entre o antigo e o novo. Jorge Andrade apresenta, num corte horizontal, um universo de contrastes e incomunicabilidade nas relações. Ao longo da peça, a partir de uma ideia lançada (o asilo como solução para os velhos), engendra-se um ovo e ao redor dele os personagens vão mergulhando em vacilações, escrúpulos e remorsos para, finalmente, perceberem, ao romper da casca, que uma nova realidade se impõe e que dela não é possível fugir.
Reconhecido como um dos expoentes do teatro brasileiro contemporâneo, o autor paulista traz para o teatro a história de São Paulo, num tom de universalidade absoluta, retratando as transformações sociais que marcaram a cidade. Ora ambientando suas peças no meio rural, ora no espaço urbano, focou sua lente na perplexidade das classes que perdem seus privilégios e veem-se obrigadas a se adaptar a uma nova ordem social.
A produção da Cia. de Teatro Encena conta com desenho e operação de luz de Vagner Pereira, figurino e make-up de Walter Lins, música original de Gustavo Barcamor, e cenários de Jones Cortez e Orias Elias, que também dirige a peça.