Com direção de Miguel Rocha e dramaturgia de Evill Rebouças, a Companhia de Teatro Heliópolis está em cartaz até o dia 4 de outubro, com o espetáculo "A Inocência do Que Eu (Não) Sei", na Casa de Teatro Maria José de Carvalho, que fica na rua Silva Bueno,1533, bairro Ipiranga, São Paulo. A entrada é gratuita e a classificação de 14 anos. As encenações ocorrem aos sábados, às 20 horas, e aos domingos, às 19 horas. 
O espetáculo é resultante do projeto "Onde O Percurso Começa? Princípios de Identidade e Alteridade no Campo da Educação", que envolve uma intensa pesquisa teatral e de campo em três escolas públicas de Heliópolis, viabilizada pela Lei do Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. O processo contou com a colaboração Alexandre Mate, como provocador de teatro épico, e de Carminda André, como provocadora de teatro performático.
O enredo apresenta quatro trajetos que mostram os desejos e as contradições de pessoas em busca de aprendizagem: o Menino Rapaz que vence; a Feliz Mulher que se adapta; o Caminhante em busca do saber; e a Mulher que come maçãs. De modo poético e irônico, a peça extrapola o universo escolar para discutir relações humanas mediadas por dispositivos de controle social e econômico.
Ainda que tenha o universo escolar como tema, a peça vai além do caráter arqueológico encontrado em campo, pois traz para a cena personagens que vivem situações de aprendizado na vida. Assim chega à cena um painel que revela as humanidades de personagens. O diretor Miguel Rocha explica que "a experiência dos atores está em cena e mostra o que eles querem dizer ao mundo a partir do tema escolhido".
A encenação usa de expedientes épicos e performáticos para construir as cenas aos olhos do espectador. Cada elemento apresentado tem como elo os "movimentos" seguintes de cada trajetória, sendo apresentados por códigos sonoros descritos, alternadamente, pelos atores. Evill Rebouças - que atuou em conjunto com a Cia. de Teatro Heliópolis desde a escrita do projeto - explica que escolheu apresentar a estrutura da peça como uma obra musical e seus vários movimentos. E ainda argumenta que a dramaturgia se apoiou nas questões propostas pelos atores, em suas provocações, juntamente com as importantes contribuições de partituras corporais e musicais de Lucia Kakazu e William Paiva, respectivamente. "O meu papel foi tecer narrativas e criar figuras que pudessem juntar as contribuições do coletivo, criando outras camadas estéticas e ideológicas para as ações soltas e fragmentadas que chegavam", diz ela.