Comemorado nesta segunda-feira, dia 19 de junho, o Dia do Cinema Brasileiro é uma data que faz alusão a quando o ítalo-brasileiro Afonso Segreto, considerado o primeiro cineasta do país, filmou pela primeira vez a baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1898. Desde então o cinema nacional evoluiu, colecionando diversos nomes reconhecidos internacionalmente, como Glauber Rocha ("Deus e o Diabo na Terra do Sol"), Hector Babencco ("Carandiru"), Anna Muylaert ("Que Horas Ela Volta?") e tantos outros.

No entanto, segundo Rodrigo Campos, cineasta de Mogi das Cruzes, tanto o Alto Tietê quanto o país sofrem com uma competição desigual frente aos filmes estrangeiros. Segundo ele, países como Espanha, Coreia do Sul e Índia, conseguiram fomentar a cadeia produtiva audiovisual e a formação de público por meio de regulamentações mais incisivas das telas de cinema, televisão e streaming, para que se exigisse uma porcentagem mínima de conteúdos nacionais a serem exibidos.

Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) tramita um projeto de lei (n° 573/2023), proposto pelo deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT), que cria a "Cota de Tela Estadual". A lei, se aprovada e sancionada, obrigará os cinemas do Estado a abrirem janelas de exibições de filmes independentes e produzidos por profissionais locais.

"Isso seria muito legal porque uma das coisas mais difíceis que a gente tem é ter sala de exibição e acesso a esses lugares. Então ter salas de cinema para produção local, além de qualificar mais as obras, dá mais acesso ao público", destacou Campos.

De acordo com o cineasta, a formação de público é hoje um dos maiores desafios regionais e nacionais. "A gente acabou consumindo tanto a cultura de fora, a que nos vendem, que conseguir convencer e levar arte para as periferias, descentralizar e dar acesso, é muito difícil. E não adianta só chegar lá e levar uma produção, é preciso levar informação e conhecimento", ressaltou Campos.

Cinema regional

Com esse cenário, Rodrigo ressalta a importância de movimentos coletivos que se unem para dar mais visibilidade para produções regionais. Esse é o caso do ICine. "O objetivo é tirar o monopólio do protagonismo da capital paulista e trazer para o interior do Estado, pois entendemos que o interior é a segunda maior potência produtiva do audiovisual, mas temos que ser vistos dessa forma e desvinculados da capital", explicou o cineasta.

Nesse viés, o mogiano busca fazer produções com personagens principais da região, como é o caso do curta-metragem "Amabile" (2020), em que conta a história de sua avó que se estabeleceu na Vila Industrial, bairro de Mogi; o documentário "Serráqueos" (2022), destacando os moradores e as riquezas naturais da Serra do Itapeti; e sua futura produção prevista para o ano que vem, o "Tietê: Águas Verdadeiras", que contará a história do rio Tietê desde sua nascente, em Salesópolis, até a divisa entre Mogi e Suzano.

*Texto supervisionado pelo editor