Região- As Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) de Mogi das Cruzes e Suzano registraram no ano passado 2.479 Boletins de Ocorrências (B.O.) por violência doméstica. Mogi das Cruzes também registrou 597 boletins de ocorrências eletrônicos, totalizando 3.076 ocorrências registradas nas duas cidades em 2022. O levantamento da DDM de Suzano não contabilizam as ocorrências registradas pela internet, porém de acordo com os dados da delegada, Silmara Marcelino, houve um aumento no número de registros pela delegacia online. "Infelizmente as vítimas ainda têm um pouco de dificuldade de vir até a delegacia para registrar a ocorrência, seja por medo do agressor cumprir as ameaças ou por vergonha de expor o que aconteceu dentro do lar dela, ou até mesmo por questões pessoais, outras por dependência financeira, por não ter aonde ir, entre outros motivos", destacou. Mogi e Suzano também tiveram 2.180 Inquéritos policiais (IP) instaurados e 1.527 medidas protetivas registradas.
A DDM de Mogi das Cruzes registrou em 2022, 1445 boletins de ocorrência por violência contra a mulher, 971 IPs instaurados e 945 medidas protetivas registradas. Já a Delegacia da Mulher de Suzano registrou 1034 boletins, 1.209 inquéritos policiais instaurados e 582 medidas protetivas registradas. Os dados mostram que entre os delitos abrangem violência física; violência psicológica/moral; violência sexual e violência patrimonial.
De acordo com Silmara é necessário ter cuidado com a singularidade de cada caso. "A gente não consegue traçar um perfil das vítimas e dos agressores porque são questões familiares e há questões pessoais de cada caso que não são iguais ao outro. É claro que como na maioria dos casos, a questão do machismo, o uso de droga e de álcool intensificam ou potencializam a violência doméstica, salientou.
Os números apontam também que no ano passado a unidade suzanense registrou duas ocorrências de feminicídios tentado. Em 2022, a DDm de Suzano não registrou nenhum feminicídios consumado. "Os números de 2022 são um pouquinho menores em comparação a 2021, mas ainda não acredito que essa diminuição significa que houve um número de casos realmente menor", destacou a delegada. Mogi não divulgou se houve casos de feminicídio tentado ou consumado neste período.
Para Silmara, estes números demonstram a crescente coragem das vítimas em romper o ciclo de violência no âmbito doméstico, "Acredito que as mulheres estão reagindo e que um dos motivos se deve a uma quantidade a mais de boletim de ocorrências feitos de forma eletrônica por meio da delegacia da mulher online", afirmou Silmara.
De acordo com a delegada é necessário criar ações para combater esse tipo de crime no município e também na região. "Não houve nenhum registro de feminicídio consumado aqui pela unidade, mas teve na região. Acredito que o mais importante é que a violência doméstica seja combatida antes que chegue no feminicídio porque chegando no feminicídio não tem mais o que fazer em relação àquela vítima. É fundamental fazer ao máximo para evitar o crime. E as mulheres que sofrem esses abusos devem elaborar o registro de ocorrência, para que seja feita uma investigação, e consequentemente a punição do agressor. É necessário também que seja feito um trabalho de conscientização e orientação das vítimas pra que elas sejam encorajadas a quebrar o ciclo da violência", concluiu.
O delegado responsável pela Seccional de Mogi das Cruzes, Mucio Mattos Monteiro de Alvarenga, destacou que para um bom funcionamento das delegacias é fundamental o uso da tecnologia. "O empenho dos policiais no atendimento online utilizando mais tecnologia para elaborar os boletins de ocorrências é algo que queremos alcançar em toda a região", disse. O delegado assumiu o cargo neste mês de janeiro e tem como prioridade aplicar o uso da tecnologia para ampliar o atendimento em todo o Alto Tietê.
Denúncias
As denúncias contra os agressores podem ser feitas por diversos canais como o próprio registro de Boletins de Ocorrência diretamente nas DDMs da região, pela internet e até mesmo por meio de eventuais denúncias pelo disque 180, bem como pelo acionamento da Polícia Militar pelo número 190.
A Delegacia de Defesa da Mulher de Suzano está localizada na Rua Presidente Nereu Ramos, 302, no Jardim Santa Helena , e pode ser procurada a qualquer momento pelas vítimas, com atendimento de segunda a sexta-feira no horário entre das 9 às 18 horas. Já a DDM de Mogi está localizada na Rua Antônio Nascimento Costa, 21, na Vila Oliveira, também com atendimento de segunda a sexta-feira das 9 às 18 horas.