O Café com Mogi News Especial Mulheres desta quinta-feira entrevista, Fernanda Bertoncini, coordenadora de Comunicação da Prefeitura de Mogi das Cruzes. A jornalista conta sobre sua trajetória e os desafios do novo cargo, além das experiências que teve na profissão. "Para mim foi uma grande honra receber o convite para vir para Mogi, fui muito bem acolhida pela Prefeitura. Agradeço a confiança do prefeito Caio Cunha (Podemos), em me dar este protagonismo dentro da gestão", destacou.

Fernanda também comenta a mulher no atual mercado de trabalho e dá conselhos para as mulheres que estão iniciando suas carreiras. "Eu acho que as questões sociais envolvendo a mulher elas têm ganhado peso, força e relevância, então eu acho que daqui para frente a gente vai ter cada vez mais mulheres liderando, mulheres em cargos estratégicos, mulheres ocupando posições que antes não eram possíveis, cargos científicos, cargos estratégicos na política mesmo. Acredito que a cada eleição a gente vai ver mulheres conquistando mais cadeiras na assembleia legislativa, na câmara, no senado, por quê não na presidência?", ressaltou a coordenadora.


Na entrevista do novo episódio do Café, com apoio da Padaria Tita, a coordenadora fala da ampla experiência em comunicação e destaca os trabalhos como assessora de imprensa direta do prefeito de Santo André, Paulo Serra, com participação na coordenação de campanha eleitoral. Fernanda também atuou como assessora de imprensa da presidência da Câmara Municipal de Santo André, no biênio 2017 - 2018, assessorando o então presidente Almir Cicote e cuidando de toda a comunicação institucional do Legislativo.

A coordenadora também tem passagem pela agência NZ7 Marketing Político, como assessora de imprensa e marketing político para o prefeito reeleito Dr. Mamoru Nakashima (PSDB), de Itaquaquecetuba, durante a campanha eleitoral em 2016. Além de atuar em grandes veículos como Editora Abril, iG, Cyleclogic, Agência Dinheiro Vivo (Luis Nassif), LEGO Education e CDN Digital, desempenhando cobertura jornalística de editorias como Economia, Tecnologia e Política para mídia impressa e online.

Café com Mogi News: Hoje a gente vai contar um pouquinho sobre a sua trajetória até se tornar jornalista. Pode falar um pouquinho de como você iniciou, se esse era o seu sonho, o que te motivou a escolher jornalismo como profissão.

Fernanda Bertoncini: Desde muito cedo, eu sempre gostei muito de ler e gostava muito de histórias, então quando eu estava na quinta série, quarto, quinto ano, eu comecei a me interessar ainda mais por ler e comecei a me interessar pelo jornalismo porque via no jornalismo uma possibilidade de contar histórias do dia a dia, então foi sempre esta paixão pela escrita e pela leitura que me motivaram desde muito cedo a imaginar esta profissão e a buscar pela formação desta profissão, então foi um caso de amor desde muito cedo. E você é graduada em jornalismo. Eu sou graduada em jornalismo, em comunicação social com habilitação em jornalismo pela USCS, antigo (*) lá em São Caetano, tenho pós-graduação pela PUC em jornalismo multimídia e MBA em marketing político.

Café com Mogi News: A gente vê que o mercado da comunicação anda um pouco complicado, se reinventando. Como foi o seu processo para entrar no mercado de trabalho?

Fernanda Bertoncini: Eu comecei o jornalismo, cursar o jornalismo em 2000, e foi bem o período da internet, estava começando a internet. Minha primeira experiência em estágio de jornalismo, já foi em um portal de notícias, eu comecei em um portal de notícias lá no ABC, em Santo André, que chamava (*), e depois eu fui para o Ig, e no Ig eu passei todo o período da minha faculdade praticamente, trabalhando em novas mídias lá, que era não só o portal do último segundo, mas um produto que lá chamava Se Ligue, que na época era o abastecimento de conteúdos por SMS, era o App e SMS, então naquela oportunidade era como se fossem hoje as redes sociais, e de lá para cá minha atuação sempre foi muito focada muito no online, eu trabalhei muitos anos no Ig, de lá comecei como estagiária, virei editora, depois do Ig eu passei para outros portais, então trabalhei na StarMídia, trabalhei no CineClick, que era um site de cinema, e de lá veio toda a minha experiência, passei também para a Veja Online, trabalhei como editora na agência de notícias Dinheiro Vivo, do Luis Nassif, na parte mais de economia, foi quando eu migrei não só para novas mídias, mas com foco em política e economia, e eu trabalhei também na CDN, em São Paulo, uma agência de notícias, sempre com contas de política e economia, e foi quando veio um pouco esta questão da gestão pública, quando eu me tornei mãe, eu vi que para mim, o trânsito para São Paulo, a ida direta para São Paulo era mais complicada e eu sempre atuei muito no mercado da capital, foi quando eu acabei indo para a gestão pública, e aí aceitei um convite na prefeitura de Santo André, na então gestão do prefeito Aidan Ravin, lá eu fui já direcionada para fazer este tipo de assessoria mais pessoal, mais política, então eu acompanhava o prefeito e assessorava diretamente o prefeito, e por lá em Santo André eu fiquei por três mandatos, de três prefeitos diferentes, sendo o último agora o Paulo Serra, que está em seu segundo mandato agora lá em Santo André, e sempre atuei em agência de marketing político, então participei de diversas campanhas, inclusive aqui no Alto Tietê, participei da campanha de reeleição do então prefeito Mamoru, de Itaquá, participei de campanhas do próprio PSDB, a prévia do governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, quando ele participou das prévias para ser candidato nacional pela presidência, então vim esculpindo a carreira nestas frentes de economia e política, e aí agora aceitei o desafio de assumir aqui a coordenação da comunicação de Mogi das Cruzes, para gente trazer um pouco desta bagagem, um pouco desta experiência também aqui para esta região.

Café com Mogi News: Conta um pouquinho como é a rotina de um assessor, você trabalhou na prefeitura, também na câmara, conta pra gente como é essa função do jornalista.

Fernanda Bertoncini: A função de assessor direto né, principalmente de atores políticos ela requer que você tenha feeling, que você tenha capacidade de ler as pessoas, e também que você conheça muito do cenário nacional, do cenário regional e do cenário estadual, então assim, você tem que consumir notícias e relacionamento, muito relacionamento, relacionamento seja com os veículos de notícias, seja com os atores políticos, para que tenha esta construção de narrativa e para que você possa de fato levar uma assessoria mais especializada, mais direcionada para o assessorado.

Café com Mogi News: A política é uma área bastante masculina, também no jornalismo, a gente enfrenta esses desafios. Como que você viu esse cenário sendo uma profissional mulher atuando, você encontrou desafios, preconceitos nesta área?

Fernanda Bertoncini: A política ainda é um ambiente exclusivamente masculino, são poucas as mulheres, seja atuando politicamente, seja atuando como políticas mesmo, como vereadoras, como deputadas, é uma tendência que vem crescendo, a gente tem visto protagonismo feminino maior nestes cargos públicos, mas ainda é um grande desafio, e trabalhar com política sendo mulher também é um grande desafio, porque sempre tem essa visão de que a mulher é frágil e a política as vezes é impositiva, mas eu acho que são vertentes que vem se quebrando, a gente tem visto protagonismo feminino de diversos nomes, nomes fortes surgindo no cenário político, então você tem mulheres que são inspiradoras, ocupando cargos muitas vezes ali de deputadas, a gente viu uma crescente na Assembleia Legislativa de São Paulo agora, um número maior de vereadoras atuando nas câmaras de todo o país, porque eu acho que entendeu-se que o eleitorado feminino é um eleitorado (*), hoje não é uma minoria, tem uma representatividade importante, e abraçar este público deixou de ser apenas uma expectativa, então mais mulheres se emponderando, mais mulheres entendendo desta responsabilidade, a gente se sente mais representada, e para aqueles homens que estão em cargos públicos, fica o desafio de criar estas políticas públicas protetivas, inclusivas, que gerem oportunidade e igualdade, então eu acho que trazer mulheres também para lideranças dentro de prefeituras, para secretarias estratégicas, para lideranças dentro do governo do estado, da própria união, ele traz este protagonismo para estas questões tão sensíveis, de políticas de proteção, de combate à violência contra as mulheres, de criar, gerar, possibilidades, oportunidades de emprego, no mercado que movimenta muito a mulher hoje é uma força de trabalho tão importante quanto o homem, e vem cada vez mais ocupando posições que antes eram tidas como masculinas, então eu acho que é fundamental.

 

Café com Mogi News: Você também trabalhou em grandes veículos de comunicação. Conta um pouquinho desta experiência para gente.

Fernanda Bertoncini: Também é um grande desafio, o jornalismo é como várias outras profissões, ele tem muitas mulheres atuando, mas ainda existe um pragmatismo em algumas áreas, e eu trabalhei um pouco com cobertura esportiva, então também é um ambiente mais masculino, em que as pessoas tem aquele olhar “ah, mulher não entende de esporte”, mas que também acredito que isso vem caindo pouco a pouco, a gente tem visto cada vez mais locutoras, jornalistas setoristas, que fazem cobertura de campo, e tudo mais, então acho que isso evoluiu bastante. Eu tive experiências por grandes veículos, não sei se posso dizer se fui sortuda ou não, mas em todos a condição de mulher não foi posta, mas sim a condição de competência, de dedicação, de capacidade, então em todos eles eu tive uma passagem bastante agradável, e que pôde contribuir com a minha carreira, que eu pude crescer profissionalmente, que eu pude aprender, e eu acho que isso é um desafio que não é só da mulher, mas todo profissional hoje em dia, especialmente de comunicação e do jornalismo que estamos vendo uma reinvenção dos veículos, dos meios de notícia, você se manter atualizado, você se manter em linha com as novas mídias, estudar, aperfeiçoar, é o que tem feito a diferença par toda esta trajetória.

 

Café com Mogi News: E agora em Mogi das Cruzes com toda esta bagagem, queria que você falasse um pouco como que você configura esta rotina, com esta nova atuação, que é como coordenadora de comunicação da prefeitura de Mogi das Cruzes.

Fernanda Bertoncini: Para mim foi uma grande honra receber o convite para vir para cá para Mogi, fui muito bem acolhida pela prefeitura, até agradeço a confiança do prefeito Caio Cunha, em me dar este protagonismo dentro da gestão, é um mandato desafiador, a gente sabe que todas as cidades estão tendo que passar por um momento de reinvenção pós-pandemia, a gente teve um episódio que foi o mais desafiador da humanidade até aqui, foi uma pandemia que não veio com manual de instruções, ninguém sabia muito bem como lidar com esta realidade e todos os esforços das cidades, dos municípios foi em salvar vidas, então por dois anos a gente teve uma paralisação de muitos serviços que eram essenciais pois o foco era a saúde, o foco era a preservação da vida, e agora as prefeituras precisam retomar este desenvolvimento econômico, retomar as possibilidades de avanço regional, as políticas públicas de reestabelecimento da normalidade, então chegar aqui em Mogi neste momento para mim também é um grande desafio, a gente pensar em como colocar a cidade de novo neste protagonismo. A gestão da pandemia sem dúvida nenhuma aqui e em todo o estado de São Paulo no modo geral, foi muito potente, a gente sabe que muitas vidas foram salvas pela vacinação, pelo planejamento, pela gestão de recursos, e agora protagonizar a cidade naquilo que ela pode se desenvolver, hoje Mogi é a cidade propulsora da região do Alto Tietê, ela traz muitas possibilidades, tem feito uma grande atração de empregos, então, a gente precisa justamente estimular que este protagonismo chegue até as pessoas, gere emprego, renda, qualidade de vida, aqui para a população, e que a cidade e a região como um todo possa se desenvolver e crescer cada vez mais, então eu recebo este desafio com muita alegria e com muita vontade mesmo de poder contribuir com a comunicação destes fatos.

Café com Mogi News: Agora pensando neste cenário de emprego como você falou, como você vê as mulheres no mercado de trabalho hoje?

Fernanda Bertoncini: Eu acho que o mercado de trabalho ele tem se aberto mais, a gente tem conseguido mais espaços e mais legitimidade nas funções, a gente viu até pelo próprio posicionamento do Presidente e do Governo Federal, na questão de insistir para que mulheres e homens tenham salários iguais, que o reconhecimento não seja por gênero, mas seja por capacidade, por qualificação, e então eu acho que isto é uma crescente que não para mais, eu acho que as questões sociais envolvendo a mulher elas têm ganhado peso, força e relevância, então eu acho que daqui para frente a gente vai ter cada vez mais mulheres liderando, mulheres em cargos estratégicos, mulheres ocupando posições que antes não eram possíveis, cargos científicos, cargos estratégicos na política mesmo, eu acredito que a cada eleição a gente vai ver mulheres conquistando mais cadeiras na assembleia legislativa, na câmara, no senado, porquê não na presidência, né, a gente já viu aí algumas discussões, tivemos a presidente Dilma, tem outras configurações para trazerem mais mulheres como vices, então eu acho que é isso, eu acho que é uma escalada, é uma escalada social, não é uma tendência só do país, é uma tendência mundial, e que as mulheres possam cada vez mais se fortalecer e fazer ter este papel de liderança e este papel de empoderamento que é fundamental para evolução da sociedade.

 

Café com Mogi News: E qual seria o conselho que você daria para uma mulher que está ingressando na graduação ou até mesmo não tenha esta oportunidade, qual o direcionamento que você daria para a mulher que quer entrar no mercado de trabalho e ter sucesso?

Fernanda Bertoncini: Eu acho que o principal conselho é não desistir e estudar dentro de todas as possibilidades que são oferecidas. As vezes a graduação é algo que não é possível no primeiro momento, mas existem tantos cursos gratuitos de qualificação, então buscar esta qualificação e buscar esta evolução e eu acho que muito é não desistir, a gente teve um episódio agora no Oscar, da atriz que ganhou o prêmio de melhor atriz, no qual ela fala para que as mulheres nunca permitam que digam que o auge dela já passou, então é isso, é uma busca contínua de evolução, de insistência, de permanência, a gente já ganhou muito campo, e eu acho que ainda tem muito para ser conquistado.