A destruição do meio ambiente, provocada por ações humanas como o desmatamento e a poluição, prejudica não apenas a saúde física de pessoas e animais, mas também pode afetar a saúde mental da população que vive em áreas impactadas. Essa afirmação foi comprovada por estudos recentes feitos pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, os quais demonstram que, além do impacto causado aos pulmões e ao coração, respirar ar poluído a longo prazo aumenta o risco de doenças mentais, a exemplo de depressão (entre 55% e 66%), transtornos bipolares (32%) e esquizofrenia (23%).
De acordo com a American Psychology Association (APA), a poluição do meio ambiente tem contribuído também para o aumento dos índices de ansiedade — eco-ansiedade — e estresse na população, devido ao medo referente ao sofrimento imediato com os impactos dessa ação, como as tragédias provocadas pela crise climática, e a preocupação com a intensificação dessas mudanças negativas que devem afetar as futuras gerações.
De acordo com o médico e responsável técnico da rede de clínicas médico-odontológicas AmorSaúde, Dr. Alexandre Pimenta, o bem-estar psicológico das pessoas é afetado de modo negativo por fatores como a exposição a práticas não sustentáveis, a perda de contato com a natureza e a deterioração do ambiente que podem causar sentimentos de perda.
"Os principais fatores psicológicos e emocionais associados à crise ambiental incluem a eco-ansiedade (ansiedade relacionada às mudanças climáticas e ao meio ambiente), a eco-fobia (medo do meio ambiente e suas mudanças) e a eco-frustração (sentimentos de frustração e desesperança em relação à situação ambiental). Esses sentimentos estão relacionados à esfera do medo e podem contribuir para o aumento do estresse, da ansiedade e da depressão entre as pessoas afetadas", afirma o profissional da rede de clínicas.
Conforme o Dr. Alexandre Pimenta, o aumento das mudanças climáticas está vinculado a práticas não sustentáveis, como o descarte impróprio de resíduos e a poluição ambiental, causadores de eventos climáticos intensos e que têm impactos significativos na saúde mental das comunidades afetadas.
"A exposição contínua a ambientes poluídos pode levar a um aumento de estresse, irritação, ansiedade e até mesmo a problemas de saúde mental mais graves, como transtornos psicológicos. A percepção de viver em um ambiente degradado também pode gerar sentimentos de impotência e desesperança", aponta o médico.
Eventos climáticos extremos, como furacões, inundações e incêndios florestais, mudam a vida das pessoas, causando impactos diretos e indiretos. "Esses eventos estão associados a problemas de saúde mental, porque podem causar trauma, perda de propriedade, insegurança alimentar e deslocamento. Tudo isso contribui para o aumento do estresse, da ansiedade e da depressão", relata.
Como proteger a saúde mental
De acordo com o Responsável Técnico do AmorSaúde, para abordar de forma eficaz essas questões na área da saúde pública e proteger a saúde mental das comunidades afetadas, é essencial implementar estratégias de prevenção e intervenção adequadas. "Isso inclui promover a conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde mental, fornecer acesso a serviços de saúde mental de qualidade, integrar a saúde mental nas políticas de adaptação às mudanças climáticas e promover práticas sustentáveis para reduzir os danos ao meio ambiente e, consequentemente, à saúde mental das pessoas", elenca o profissional.
Além disso, conforme o médico, é fundamental apoiar a resiliência comunitária e o fortalecimento psicossocial para lidar com os desafios enfrentados em um mundo em constante mudança devido às alterações climáticas.