Uma piada de mal gosto, uma reação violenta e em meio a isso uma doença pouco falada: a alopecia. O problema é vivido pela atriz Jada Pinkett Smith, de 50 anos, que teve a cabeça raspada ironizada na cerimônia do Oscar, no domingo passado, pelo comediante Chris Rock. E assim, infelizmente, o ponto alto da cerimônia acabou sendo o tapa em Rock dado pelo marido da atriz, o ator Will Smith.

Em seu perfil @pormaisfios no Instagram, a mogiana Giovana Iniesta, que tem uma forma da doença diferente da atriz, levantou uma questão importante para seus mais de 20 mil seguidores: "Precisamos de Will Smiths ou de informações realmente bem apuradas e verdadeiras circulando sobre alopecia?". Em uma postagem, ela disse não concordar com a agressão mas entender a situação do casal e os constrangimentos que atriz já pode ter passado.

A médica dermatologista Fabiane Brenner, coordenadora do departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explicou que alopecia se refere à queda de cabelo, e há diversas doenças que podem ser a causa. "Elas se dividem basicamente em alopecia cicatricial e não cicatricial. As pessoas com formas não cicatriciais sempre podem voltar a ter cabelos novos", afirmou.

Tanto homens como mulheres de diferentes idades podem ter a doença, segundo a especialista. A forma mais comum de alopecia é a calvície ou alopecia androgenética, que é o tipo de doença de Giovana. "Ela acontece principalmente depois da adolescência sob influência dos hormônios", destacou Fabiane, reforçando que há uma grande variedade de alopecias.

A forma que atinge Jada, também é considerada comum. Trata-se da alopecia areata. "É uma doença autoimune, que tem um processo inflamatório que acaba fazendo com que o cabelo caia, de tal forma que ele cai subitamente em áreas localizadas ou outras áreas extensas do couro cabeludo", salientou a médica dermatologista. Segundo ela, outras áreas do corpo que têm pelos, como as sobrancelhas, também ser acometidas.

Tratamentos

A coordenadora do departamento de Cabelos e Unhas da SBD afirmou que o tratamento vai depender da forma de queda de cabelo e depende da avaliação de um dermatologista. "É possível sim que a pessoa volte a ter cabelos na maioria das formas não cicatriciais", disse.

Um ponto importante também é a saúde emocional dos pacientes, como explicou Fabiane: "Sem dúvida os aspectos emocionais influenciam no desenvolvimento de todas as formas de alopecias, especialmente nas mulheres. Na alopecia areata momentos de estresse podem ser um gatilho para a queda, como também a queda de cabelo pode desencadear um enorme desconforto psicológico e ambiental. Muitos pacientes contam que mudam suas rotinas por conta da queda de cabelo".