A área da saúde está entre as que mais preocupam as mães de autistas. Mães relatam dificuldades em conseguir o laudo e acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o que acaba retardando o acesso às especialidades, sendo muito prejudicial para o desenvolvimento dos pequenos. “O sistema público de saúde não trabalha com prioridade e o tempo é o nosso maior inimigo, porque ele conta com isso para se desenvolver e no futuro ter autonomia, servir a sociedade. Você ouve quede profissionais que 'não é nada, é mimo', mas a intervenção é urgente. As crianças não são assistidas da melhor forma possível. Se não é o plano de saúde, ele não teria tratamento e há 5 meses o convênio quase dobrou de valor”, desabafa Denise XXX, mãe de um garoto diagnosticado com TEA.

Mogi conta com o Caps Infantil, onde as crianças autistas são atendidas em livre demanda ou encaminhadas pelo pediatra, de acordo com a Prefeitura de Mogi. Segundo o Executivo, "além dessa unidade, que possui equipe multidisciplinar, outros serviços complementam a assistência, como por exemplo a Emesp Professora Jovita Arouche de Toledo, que é referência no atendimento de TEA ".

Segundo as mães consultadas na pesquisa feita pelo Grupo Mogi News / Dat, 80% delas dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as principais deficiências, elas citam a falta de acompanhamento psicológico para os pacientes e responsáveis (32%), terapias alternativas (22%), neuropsiquiatras infantis (10%), fonoaudiólogos (10%), medicamentos gratuitos (10%), entre outras especialidades.

Sem estrutura para o acompanhamento recomendado, muitas mães também se comprometerem financeiramente para acessar a rede privada de saúde. Como é o caso da advogada Deise, que se mobilizou para garantir um psicomotricista para o filho. "Elle não tinha coordenação motora. Foram dois meses apertados, mas a evolução foi muito grande nesse período”, completa.

Renata também conta que semestralmente precisa investir R$ 400 para receber o laudo de autismo. “De 6 em 6 meses a gente precisa pagar a vista, ou em pix, porque não é aceito nem o cartão. E não é uma doença com cura. Vou pagar isso a vida toda?”, questiona.

O tema está ligado diretamente ao último Projeto de Lei (PL 2.352/2022) debatido no Senado e aprovado nesta semana, última terça-feira (29/11), que estabelece que o laudo de identificação do transtorno do espectro autista tenha validade indeterminada. O objetivo da proposta, apresentada pela senadora Ivete da Silveira (MDB-SC), é garantir dignidade e respeito às pessoas autistas que buscam a legítima obtenção de benefícios, como na hora de requerer o Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros.

Questionado sobre o assunto, o prefeito de Mogi, Caio Cunha (PODE) afirmou estar á disposição para discutir as adequações e atualizações vindas do Senado. “Sou muito sensibilizado a causa, fui o primeiro parlamentar, quando ainda era vereador, a trazer esse debate para a cidade na Câmara Municipal”, disse, e garantiu, “nossa principal meta é entregar a Clínica-Escola”. Segundo o chefe do Executivo, o espaço, que vai atender crianças e jovens com TEA, será entregue no próximo ano.