O século XVIII foi a era dos grandes sistemas mecânicos acompanhado da Revolução Industrial. O século XIX foi a era da máquina a vapor, enquanto o século passado ficou conhecido como a era da informação. 

A informação como característica do século XX fica mais acentuada quando olhamos para suas últimas três décadas e observamos vários avanços tecnológicos em diversas áreas, particularmente na computação e telecomunicações, duas áreas que têm causado significativo impacto sobre o modo de vida das pessoas.

Estamos expostos a uma intensa e diversa quantidade de informações todos os dias e a grande questão é: o que fazemos com elas?

Ao mesmo tempo, a ignorância que acompanha a humanidade desde os seus primórdios parece cada vez mais viva. Como viver plenamente a era da informação sem a mínima capacidade de processar pelo menos parte desse turbilhão de informações.

Não uso ignorância no sentido da ausência de escolaridade.  até porque muitos o são justamente por ter a humildade de admiti-la. Rui Barbosa, um de nossos maiores intelectuais, disse: “A chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta; e somente esta: a Ignorância! Ela é a mãe da servilidade e da miséria”.

O filósofo Sêneca é mais provocador: “Dar conselhos a um homem culto é supérfluo; aconselhar um ignorante é inútil.” Já Sócrates, também filósofo, afirmou: “O tolo, quando erra, queixa-se dos outros; o sábio queixa-se de si mesmo.” Mais contundente ainda foi Luther King: “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância.”

A era da informação se aprofunda ainda mais no século XXI e a ignorância também. Nesse mundo de comunicação instantânea com as redes sociais assumindo um espaço cada vez maior em nossas vidas, as consequências da ignorância são inestimáveis. As pessoas compartilham freneticamente aquilo que visualizam sem o menor cuidado. Mentiras e informações distorcidas, veiculadas por sites e páginas patrocinadas são tomadas como critério de verdade.

O negacionismo que habita uma parte significativa da nossa sociedade, deixa graves sequelas no nosso país. O discurso antivacina atinge com força a chamada cobertura vacinal, trazendo o risco do ressurgimento de doenças como a poliomielite, a rubéola e a difteria que estavam erradicadas.   

Como sentenciou Luther King, a ignorância é mesmo perigosa.     


Afonso Pola (afonsopola@uol.com.br) é sociólogo e professor