A genialidade de Messi, os dribles impossíveis de Neymar, a explosão atlética de Mbappé. Eram tempos de espetáculos pessoais e contratos astronômicos. Mas em 2025, quando o PSG finalmente ergueu a Liga dos Campeões após décadas de espera, o mundo do futebol assistiu a algo radicalmente diferente: um time onde Désiré Doué, um garoto de 19 anos que mal tinha experiência profissional, dividia holofotes com veteranos, provando que a nova geração não precisa apenas de oportunidades, necessita de liderança que entenda sua linguagem.
O que parecia uma aposta arriscada revelou-se uma masterclass em gestão de pessoas. Enquanto muitos clubes ainda acreditam que sucesso requer estrelas milionárias, o PSG demonstrou que o diferencial poder estar em criar ecossistemas onde jovens talentos possam florescer. Luis Enrique, o técnico espanhol, não tentou enquadrar seus pupilos em modelos pré-existentes. Em vez disso, reconstruiu o estilo de jogo para valorizar a energia, a criatividade e a intuição desses jovens que nasceram com um smartphone nas mãos. O resultado? O segundo time mais jovem da história a vencer a Champions League, com uma média de idade que faria qualquer recrutador tradicional hesitar: 24 anos.
A lição para os líderes empresariais é cristalina: estamos diante de uma geração que não se contenta com hierarquias rígidas ou planos de carreira lineares. Eles querem impacto imediato e, acima de tudo, autonomia para inovar. O brasileiro Marquinhos, capitão do time, entendeu isso melhor que ninguém, seu papel foi criar pontes entre a sabedoria dos veteranos e o ímpeto dos novatos. Nas empresas que estão tendo sucesso com a Geração Z, vemos o mesmo fenômeno: mentores que sabem quando orientar e quando sair do caminho, permitindo que ideias frescas respirem.
Os números falam por si. Enquanto o PSG celebrava sete artilheiros diferentes na competição - um recorde de diversidade ofensiva - empresas visionárias colhiam frutos semelhantes: equipes com alta participação jovem geram 40% mais inovações disruptivas. Startups que adotaram programas de liderança intergeracional crescem a taxas impressionantes. E o mais revelador? O turnover cai drasticamente quando os millennials e a Geração Z sentem que têm voz ativa nos processos.
O estádio em Munique foi apenas o palco final de uma transformação que começou nos bastidores. Enquanto a maioria dos clubes ainda busca o próximo astro milionário, o PSG investiu em algo mais valioso: um sistema que transforma potenciais bruto em excelência coletiva. Para os líderes empresariais atentos, a mensagem é clara: o futuro está ao lado de quem souber cultivar talentos, não a quem apenas contratar currículos. A bola agora está com os gestores: continuar jogando com as regras atuais ou assumir o risco glorioso de liderar os jovens que estão chegando.
Marcio Barbosa é consultor de negócios do Sebrae-SP