Morreu no último sábado, a gata Nina, com aproximadamente 20 anos, em Ferraz de Vasconcelos. Ela era calma, sonolenta, sempre comia deitada e não largava a sua caixa de papelão de bolachas. Nina sempre fugia de brigas, principalmente quando outro animal entrava em seu território ou comia a sua comida, onde ela miava e levava a gente até o local com a cara de: “Faça alguma coisa, por gentileza”.
Eu comecei a prestar atenção na Nina, quando um dia, lendo um livro no quintal, ela chegou se esfregando em mim e me deu um susto. Quando olhei para ela, estava com uma cara de prazer e não demonstrava nenhum perigo - Sim, eu tenho traumas com animais domésticos por conta de algumas experiências do passado, porém, a partir desse carinho e o incentivo da minha esposa, comecei a gostar da gatinha na época em que estudava sobre antropomorfismo.
O Antropomorfismo é um conceito filosófico que está associado às formas humanas, onde atribui características, sejam físicos, sentimentos, emoções, pensamentos, ações ou comportamentos humanos a objetos inanimados ou seres irracionais, onde me inspirei para escrever o livro atual: A vida de cão do Requis, que não sabe se é cachorro, dinossauro ou gente.
Na obra literária, apresento a Nina, como a vida real: Calma e pacificadora! No conto, ela é ainda amiga de uma cadela e se desentende com o cachorro Requis que não sabe por que existe a crença que o gato tem sete vidas e ele nenhuma. Na visão do cachorro, a gata Nina é privilegiada por morar na casa dos humanos dormindo e comendo.
É claro que eu não vou dar spoiler da obra literária e deixo para você conhecer mais dessa história, mas em geral, após a partida da gatinha, estou pensando muito em desenvolver o comportamento dela no que tange em ser um animal sossegado, da paz e viver no presente. Creio que se eu conseguir praticar esse conceito, e talvez você leitor repita o mesmo, vamos aprender a lidar com a ansiedade.
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.