Os conhecidos gatos, como são popularmente chamados os furtos de energia elétrica, estão em alta na região. De acordo com a EDP, distribuidora de energia do Alto Tietê, de janeiro a junho deste ano, foi registrado um aumento de 25,85% no número de irregularidades detectadas em ligações na rede elétrica na região, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Nos primeiros seis meses deste ano foram identificadas 5.967 fraudes de energia em residências, comércios e indústrias do Alto Tietê. Vale lembrar que o gato é uma prática muito usada em áreas de alta vulnerabilidade social, como invasões, onde muitas pessoas não têm condições financeiras de arcar com a taxa cobrada para uso da energia, mas também é adotada por comerciantes e empresas que tentam burlar a lei para conseguir reduzir os custos de seus negócios, seja em uma fase ruim ou simplesmente para lucrar mais.

Os gatos podem ser feitos diretamente no posto ou no medidor, fazendo com que o consumo registrado seja menor que o utilizado de fato. Em qualquer um dos casos esse furto é considerado crime. 

Conforme a lei penal, a diferença é a pena: no crime de furto, a pena é de reclusão, 01 a 04 anos, e multa; já no crime de fraude (estelionato), a pena é de reclusão, de 01 a 05 anos, e multa.

Do ponto de vista social, todos os consumidores atendidos pela concessionária perdem, uma vez que parte do valor da energia furtada é dividida entre todos os consumidores. No caso do Alto Tietê, a quantidade de energia recuperada no primeiro semestre é suficiente, por exemplo, para o abastecimento de Ferraz de Vasconcelos e Biritiba Mirim por um mês. 

O furto de energia está longe de ser um problema fácil de ser resolvido no Brasil. Em um país com enormes desafios e uma grande desigualdade social como o nosso, não existe fiscalização que dê conta de impedir as ligações clandestinas. Talvez seja a hora de começar a rever o valor cobrado do brasileiro e praticar taxas mais justas. Essa pode ser uma das saídas para reduzir essa prática que parece já estar enraizada no país.