Em inúmeras ocasiões abordamos as interfaces da atividade notarial e registral com o mundo digital, afinal de contas, os cartórios estão absolutamente adaptados aos tempos modernos. Atos notariais e registros eletrônicos, atas notariais de fatos que ocorrem na internet e telefones celulares, desmaterialização de documentos, encaminhamento de títulos e documentos de dívida a protesto por meio eletrônico... são exemplos de possibilidades da atuação de notários e registradores no ambiente virtual.
No entanto, em momentos de reflexão pascal, o presente artigo é um alerta a todos nós, à humanidade. Recentemente, em um prazeroso jantar em restaurante à beira mar com a minha família, notei dezenas de pessoas sentadas em suas mesas, sem olhar para as faces umas das outras, mexendo desmedidamente no telefone celular. Um ambiente totalmente propício a uma prosa familiar, ignorado pelo lumiar, não da lua, mas das telas dos celulares.
De forma corriqueira estou nas ruas e estradas, pelo meu trabalho, e noto pessoas dirigindo e mexendo no telefone celular ao mesmo tempo, pessoas andando pelas ruas com olhares fixados nas telinhas dos smartphones, verdadeiros zumbis do século XXI.
Estudos recentes equiparam o uso excessivo de telefones celulares por crianças e adolescentes ao uso de drogas, classificando tal situação como a "cocaína digital".
Afinal de contas, o telefone celular é herói ou vilão? A resposta é: depende de quem usa, depende de você!
É inegável que a modernização que ele trouxe mudou o rumo não só da atividade notarial e registral, mas também da Terra. Podemos fazer cursos incríveis pelo telefone celular, gratuitos até, nos comunicar com quem amamos, visitar ambientes virtuais prazerosos como lazer.
Porém, como tudo na vida, o uso deve ser moderado, lembrando que a vida real é do lado de fora da telinha. Não perca o jantar com o seu amado ou amada por um Instagram, o sorriso do seu filho por uma curtida no Facebook ou a atenção de amigo querido por uma mensagem no WhatsApp.
Arthur Del Guércio Neto é tabelião de Notas e Protestos de Itaquá.