Não existe a chegada a um lugar sem o ato da partida, e não há a partida sem um plano para onde se quer chegar. A introdução do novo cadastro habitacional de Mogi das Cruzes, parte integrante do programa "Mogi Meu Lar" voltado à questão da moradia na cidade, apresenta-se primeiramente como o abrir dos olhos sobre uma das questões mais urgentes para a dignidade de um povo: ter um lar para morar.

Mas o sonho e a vontade política de reduzir o nosso déficit habitacional não bastam para resolver a realidade das milhares de famílias em Mogi e na região que vivem em áreas de risco não por gosto ou esporte, mas por extrema necessidade, falta de recursos e abandono do poder público, que falhou em suas prioridades nos últimos anos.

Causa espanto imaginar que Mogi, a cidade mais rica do Alto Tietê e uma das mais importantes do Estado, apenas depois de 13 anos atentou-se à necessidade de formular um cadastro habitacional, ou de instituir uma política pública permanente para a questão da moradia. A cidade despertou para uma questão que vinha se arrastando há mais de uma década.

O despertar, em si, não basta para fazer com que os sonhos se tornem realidade. A proposta de renovação do número de famílias à procura da casa própria deve pautada no respeito à privacidade de dados e no alcance a quem de fato necessita, e deve ser acompanhada pela sociedade, pelo poder público e por todos os participantes. No sonho da casa própria não pode haver espaço para a fraude e para a desconfiança.

O programa "Mogi Meu Lar", caso chegue aos seus objetivos, poderá representar um passo decisivo - mas este passo só poderá ser concretizado se o poder público se atentar às comunidades que de fato precisam ser incluídas neste sonho: as comunidades situadas em áreas de risco, que vivem anualmente o pesadelo dos alagamentos, sem saneamento básico ou acesso à educação.

Com entusiasmo e sorrisos, Mogi mostrou-se desperta ao clamor do déficit habitacional. Que com empenho, parcerias e uma gestão republicana, jamais volte a dormir e se mantenha apenas no "sonho" da casa própria.