Ouvimos muito essa expressão: "a grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa". Muitas vezes queremos aquilo que não temos, não valorizando o que já possuímos, falando materialmente ou não. Nas viagens de trens observo bastante isso também. 
Nessa semana, ao meu lado, havia um rapaz lendo um livro ou, pelo menos, parecia-me que estava fazendo isso. Quando olhei mais atentamente, ele estava era com o olhar fixo no celular de outra pessoa sentada à minha frente. Ele até tentava voltar para leitura, mas acho que o assunto era muito chato, pois não o prendia nem por segundos.
Ficou assim por umas duas estações até o outro desembarcar. O leitor foi seguindo-o com um olhar pesaroso, fechou seu livro e se afastou, descendo logo na estação seguinte.
Outra vez, também em um trem, bem vazio por sinal, notei uma mulher sentada. Sabe quando o nível de ansiedade tá "hard"? Pois bem, ela estava assim.
Balançava as pernas freneticamente no assento, colocava a bolsa no chão, encostava a cabeça, fechava o olho e abria logo em seguida e percebi que ainda não estava bom para ela.
A cada proximidade de uma estação, ela vidrava os olhos em alguém que começa a se mexer para levantar. Assim que a pessoa saía, ela pulava como uma espoleta no lugar dessa pessoa.
Repetia o mesmo ritual do início e continuava inquieta cada vez mais. Isso aconteceu por umas cinco paradas e quando não conseguia fazer essa troca o tremelique era cada vez maior. Coitado de quem estava sentado ao lado dela.
Até que na última ajeitadinha ela sossegou. Tentei achar a diferença entre um lugar e outro, mas confesso que não consegui. Mesmo porque ela demorou apenas uma estação para o desembarque após descobrir seu melhor lugar naquele vagão. Fiquei somente com a curiosidade da situação.
Quem sabe um dia eu esbarro com ela de novo e crio coragem para perguntar o que a motivou a essa troca frenética: era sempre melhor do que o que ela escolhia? Enfim, se eu descobrir conto aqui.